Enquanto o Brasil inteiro esquenta seus tamborins para mais um Carnaval, a capital capixaba, Vitória, já comemora a eleição das campeãs de 2009. Apressadinha, a cidade abriu alas à Folia nacional no último fim de semana com duas noites de desfiles no sambódromo Sambão do Povo. Com infraestrutura de fazer inveja aos carnavais passados, a festa capixaba surpreendeu os próprios organizadores do evento, atraindo 23 mil pessoas por dia, entre arquibancadas, camarotes e foliões na avenida.

"Antecipamos o Carnaval para que o capixaba possa viajar no feriado", explica a superintendente de Turismo de Vitória, Valéria Caridade Mariano de Campos. O resultado foi um público recorde e muita animação na passarela. Até o fechamento desta edição, a apuração dos desfiles ainda não havia sido concluída. Desde o domingo, no entanto, os foliões já haviam eleito as escolas Independente de Boa Vista, MUG (Mocidade Unida da Glória), Unidos da Piedade e Unidos de Jucutuquara como as favoritas ao título de 2009.

A maratona de desfiles começou no sábado com a Tradição Serrana homenageando Fundão e o histórico resgate do naufrágio do navio negreiro Palermo, quando 25 escravos se salvaram agarrados ao mastro da embarcação. Mas os 20 minutos de atraso na entrada comprometeram a avaliação da escola.

Em seguida, a Rosas de Ouro - que não tem nada a ver com a homônima paulistana - contou a história do futebol e do pentacampeonato brasileiro com o enredo Do reino de Odin ao Sol Nascente, o país do futebol é a terra da gente.

Tendo o prefeito da vizinha Cariacica à frente, a Independente de Boa Vista transformou o sambódromo em um autêntico arraiá de São João, com direito a quadrilha, barracas de comidas típicas, fogos de artifício e a impecável performance da comissão de frente. Foi a primeira escola a efetivamente levantar a arquibancada, que não demorou muito para se deixar contagiar pelo samba no pé e na ponta da língua de seus passistas.

Com a difícil missão de manter a plateia tão acesa quanto a fogueira da escola antecessora, a Unidos de Piedade não fez feio na avenida ao resgatar as histórias de amores proibidos, lutas políticas, escândalos e muito samba que fazem da Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, um dos pontos mais emblemáticos da cidade. O baú que se abria revelando uma bailarina de verdade surpreendeu os espectadores.

Mas o auge da noite ainda estava por vir. Aclamada pelos foliões antes mesmo de ganhar a avenida, a Mocidade Unida da Glória correspondeu às expectativas em grande estilo com o enredo Do Eldorado Africano ao berço selvagem e fascinante da Vila de São Matheus. Carros alegóricos enormes tomaram conta da passarela, sob gritos de "já ganhou", mas buracos entre as alas já apontavam para a perda de pontos no quesito evolução. Quem se importa? A empolgação foi tamanha que poucos foliões permaneceram na arquibancada para conferir o último desfile da noite: a Andaraí, que acabou tendo o brilho ofuscado pela MUG e pelos primeiros raios do sol.

SÁBADO - Os desfiles do sábado, dia 14, foram abertos pela Unidos de Barreiros, que prestigiou o litoral capixaba com o enredo Guarapari, o paraíso é aqui. A Pega no Samba enumerou as opções de lazer de quem passa um fim de semana na capital capixaba.

O momento mais esperado da noite, no entanto, era o desfile da tricampeã Unidos de Jucutuquara, que deu continuidade à viagem pelos pontos turísticos do Espírito Santo com o enredo Convento da Penha: o relicário de um povo. Rica em adereços, a escola levou a plateia ao delírio com o ritmo da percussão, a imponência dos carros alegóricos e a energia da simpática madrinha da bateria, Tatiana Paysan.

O alto nível da escola foi tão gritante que levou muita gente a deixar o sambódromo sem conferir o engajamento ecológico da Novo Império, a harmonia da São Torquato e a lenda de Penedo no samba da Imperatriz do Forte.

Confira mais fotos e vídeos sobre o carnaval capixaba no site da prefeitura de Vitória