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Educação financeira na infância é investimento em adulto consciente
Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
25/01/2009 | 07:00
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Em meio a uma das maiores crises financeiras mundiais já vistas na história, pais se perguntam como educar os filhos para que, em períodos como esse, não passem por dificuldades. Para as famílias mais preocupadas, a melhor notícia é que a educação financeira é possível e pode começar cedo.

Para a especialista em educação financeira para crianças Cássia D'Aquino, aos dois anos de idade já é possível dar um passo adiante quando o assunto é consumo. "Eles sabem quem tem o dinheiro e também entendem que ele serve para comprar coisas coloridas e gostosas", comenta.

A partir do primeiro pedido de compra, os pais já podem inserir os conceitos de caro e barato no dia a dia dos pequenos. "Basta deixar os conceitos saírem. Aos poucos as crianças começam a mostrar essa preocupação, perguntando se isto ou aquilo é caro ou barato." Da mesma forma, os conceitos de querer e precisar devem ser citados a todo momento. "O uso do dinheiro pressupõe racionalidade, por isso é preciso deixar as idéias claras."

Por volta dos cinco anos, já é hora de iniciar as chamadas "semanadas". Segundo a especialista, é fundamental que a criança tenha clareza de que o valor recebido serve para o aprendizado dela e não como retribuição por algum comportamento. "É preciso que os pequenos entendam a responsabilidade que estão recebendo, sem sentir que o dinheiro é uma forma de remuneração pelo carinho com os pais." Depois dos 11 anos, o valor deve aumentar e o prazo para utilização também. A semanada, então, vira mesada.

Atitudes simples, como convocar a criança para ajudar a fazer a lista de supermercado também rende bons resultados. Ao fazer a lista e pedir a ajuda da criança, os pais não só a valorizam como mostram que tem um plano financeiro desenhado. "É bom, por exemplo, falar para o filho ir ao banheiro verificar se tem sabonete ou creme dental suficiente para ele. Assim ele também olha os itens de uso diário dele mesmo e terá a idéia de necessidade de forma mais clara."

"A conduta da criança depende necessariamente de como os pais abordam a questão financeira dentro de casa e com os amigos e parentes", afirma Olimpia Noronha, supervisora de psicologia clínica da Universidade Metodista de São Paulo. Para ela, a base da educação financeira está na atitude coerente dos pais. "Tem de dar o exemplo. Os pais não podem falar de falta de dinheiro e fazer grandes compras", afirma.

Cuidado na abordagem evita incômodos

Alguns tipos de comportamento devem ser evitados de forma a não criar reações negativas por parte das crianças. Cássia D'Aquino, especialista em educação financeira, afirma que expor os problemas financeiros da família para os filhos é a pior das falhas. "Mostrar as contas para os filhos é de quinta categoria. Cria desconforto em relação ao dinheiro e prejudica a convivência familiar." A especialista aponta que a má condução da educação financeira pode gerar angústias e possíveis traumas nos pequenos. "Isso não é assunto para ser falado na frente de crianças."

Apesar de considerar natural a preocupação em fazer dos filhos grandes investidores, Cássia aponta que este não deve ser o cerne da vida de nenhuma família. "Uma pessoa bem resolvida financeiramente não pode ficar obcecada com a questão. Cuide você do seu dinheiro e deixe o filho aprender com o bom exemplo."

Previdência para crianças é alternativa à poupança
Soraia Abreu Pedroso

Tradicionalmente, quando nasce um filho, pais e avós já começam a se preocupar com o futuro dele, tanto que é bastante comum abrir uma caderneta de poupança em nome da criança. O que tem se tornado uma alternativa ao investimento desde o final dos anos 1990 é a previdência privada - geralmente utilizada como aposentadoria complementar.

A primeira vantagem direta, segundo Sonia Milaré de Macedo, gerente de pessoa-física da Caixa Econômica Federal é não poder resgatar o montante acumulado imediatamente. "Com a poupança, pode-se sacar o saldo acumulado a qualquer momento. Com a previdência não, pois leva-se uns 15 dias até conseguir ter em mãos o valor. Então as pessoas mudam de ideia e deixam o dinheiro lá guardado".

Para Osvaldo Nascimento, diretor executivo da Itaú Seguros, o grande diferencial são os benefícios tributárias. Disponíveis nas modalidades PGBL e VGBL, o primeiro plano destina-se a quem faz a declaração completa do imposto de renda. "É como se você investisse o seu IR no futuro do seu filho, já que é possível deduzir em até 12% as contribuições da previdência".

No caso do VGBL, indicado para profissionais liberais e pessoas que não declaram IR, "há um benefício também por não pagar impostos sobre a rentabilidade, somente sobre o valor depositado", explica Nascimento. Optando-se por tabelas progressivas de impostos, é possível chegar a alíquota de 10% no PGBL e 15% no VGBL. Quanto mais tempo o dinheiro permanecer investido, menos se paga para sacá-lo. Pode-se escolher ainda pelas modalidades renda fixa e percentuais de renda variável de até 49% do todo.

A PARTIR DE R$ 25

A consciência de começar a poupar cada vez mais cedo pode ter início ao conter gastos supérfluos. "Economizando um pouco por mês é possível garantir a faculdade do seu filho ou um curso técnico superior", conta Marlene Rainer, superintendente do Santander Seguros. "Os pais podem fazer junto um seguro de pecúlio por morte, que assegura o pagamento do plano até o fim, ou seja, até o filho completar 21 anos, por exemplo".

Caso os pais não precisem utilizar o saldo para financiar a faculdade, ou comprar um carro ou apartamento, "o valor pode ajudar no momento inicial da carreira, para montar o próprio negócio", diz João Batista Mendes Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev.

"O montante também pode continuar aplicado, para compor o início de uma reserva para a aposentadoria. A previdência para jovens é uma oportunidade de dar ao filho o que não tivemos".

Os depósitos podem ser a partir de R$ 25 na Brasilprev e R$ 50 nas demais instituições. Com R$ 50 por mês durante quatro anos, e mais R$ 100 por mais 12 meses, Sonia, da CEF, pagou uma viagem de três meses ao Canadá para seu filho. "Ele gostou tanto da ideia de juntar dinheiro para viajar que está poupando R$ 300 por mês de seu salário de estagiário, desde o ano passado, para realizar um intercâmbio à Alemanha". Após a viagem, a gerente continua depositando R$ 100 mensais para ajudá-lo na próxima empreitada. Para o filho mais novo, de 11 anos, desde 2000, ela põe na previdência R$ 50 mensais. "Vou pagar uma viagem à Disney para ele".




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