A Prefeitura de Mauá pediu a demissão de 131 trabalhadores que atuavam na área de Saúde e eram terceirizados pelo Instituto Sorrindo para Vida. A dispensa de 64 agentes do PSF (Programa Saúde da Família) e outros 67 funcionários administrativos - como coordenadores de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) -, e dentistas ocorreu durante todo o dia de ontem.

Segundo o vice-prefeito e secretário de Saúde, Paulo Eugênio Pereira Júnior (PT), a decisão foi tomada para "cortar desperdícios no serviço de saúde". As demissões fazem parte da proposta de redução de R$ 3,18 milhões para R$ 1,64 milhão do valor do contrato com a Sorrindo Para Vida, anunciado na semana passada. A parceria da Prefeitura com o órgão foi firmada em junho de 2007 pelo ex-prefeito Leonel Damo (PV). O corte deverá representar uma economia de aproximadamente R$ 230 mil por mês.

"Muitas destas pessoas estavam ocupando cargos sem exercer suas funções. Os agentes de saúde demitidos, por exemplo, faziam parte de equipes incompletas do PSF. Por serem incompletas, eles não iam para as ruas fazer os atendimentos. Muitos dentistas também estão neste caso", explicou Paulo Eugênio, que classifica estes trabalhadores como comissionados (funcionários que ocupam cargos de confiança, sem necessidade de concurso público). "Eles foram indicados pelo secretário anterior de Saúde."

Remanejamento - Para não prejudicar ainda mais o atendimento da população, o secretário explicou que a partir de amanhã funcionários de carreira da Prefeitura serão remanejados para as funções essenciais. "As pessoas serão atendidas nos postos. Os cortes são para que possamos investir no essencial, como a compra de medicamentos".

Mas para quem está à espera de atendimento nas filas da UBSs é difícil manter a calma. "Não tem nenhum dentista no posto de saúde (Jardim Oratório) que eu sempre vou. Disseram que mandaram todos embora", lamentou uma moradora. A informação foi confirmada por um funcionário da unidade que não quis se identificar, Ele afirmou que dois dentistas e dois auxiliares foram demitidos. "Não tem ninguém para este tipo de atendimento. É um descaso com a população."

Outro funcionário dispensando afirma que não recebeu explicações. "Apenas disseram que eu estava sendo desligado". Ele trabalhava na UBS Jardim Mauá. "Sete agentes de Saúde foram mandados embora. Agora só sobraram quatro. Se o atendimento antes já era ruim, imagina agora."

A maior parte dos 131 dispensados são associados da Coopertec, cooperativa com uma unidade em Mauá e sede em São Paulo. Eles prestam serviço para o instituto. "Isso é uma irregularidade. O contrato não menciona a cooperativa. Portanto, a Prefeitura não reconhece", disse o petista. A Coopertec afirmou que a Prefeitura tem autonomia para efetuar as demissões e que até a noite de ontem não tinha sido informada oficialmente. "Eles não são meus funcionários. É o Sorrindo para Vida que demite oficialmente", alegou Paulo Eugênio. Representantes do instituto não foram encontrados.