Economia Titulo Argentina
Argentina aprova a nacionalização da previdência privada
Da AFP
21/11/2008 | 08:16
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O Parlamento argentino aprovou a nacionalização dos fundos de pensão privados, abrindo caminho para a transferência de cerca de 26 bilhões de dólares a um sistema único de aposentadorias do Estado, apesar das críticas da oposição e das preocupações dos meios econômicos.

O texto, já aprovado pelos deputados em 7 de novembro, foi adotado na madrugada de quinta-feira pelo Senado por 46 votos a 18, e uma abstenção.

Este projeto, justificado segundo o governo pela crise financeira internacional que ameaçava de quebra seus fundos de pensão, foi mal recebido pelos mercados e duramente criticado pela oposição.

"Esta medida vai provocar uma das crises mais profundas de nossa história", denunciou antes da votação Ricardo Murphy, ex-ministro da Economia e um dos líderes da oposição liberal.

Na quinta-feira, a Bolsa de Buenos Aires caiu 6,58% na esteira das outras bolsas mundiais, mas também em razão do voto esperado no Senado argentino.

A reforma preocupa os meios econômicos que temem que os fundos de pensão só sirvam para garantir as necessidades de financiamento do Estado, tornando mais escasso o crédito para as empresas.

Os dez fundos de pensão que o governo espera nacionalizar pertencem todos a bancos que administram investimentos de cerca de 26 bilhões de dólares.

A Argentina devem enfrentar em 2009 e 2010 necessidades de financiamento para o serviço de sua dívida externa da ordem de 40 bilhões de dólares.

O governo rejeitou estas críticas, destacando principalmente que os fundos de pensão tinham perdido 27 bilhões de pesos (8,32 bilhões de dólares) entre outubro de 2007 e outubro de 2008, e que se tornou indispensável salvar as aposentadorias.

A presidente argentina Cristina Kirchner havia assim garantido sábado a seus pares, reunidos para a Cúpula do G-20, que a privatização dos fundos de pensão em 1994 foi responsável por 42% da dívida externa e por uma boa parte da moratória desta dívida declarada em 2001.

O Estado argentino deve dar sua contribuição ao pagamento de 77% das pensões privadas injetando cerca de 4 bilhões de pesos (954 milhões de euros) por ano, em razão da insuficiência dos fundos, explicou.

Cerca de 9,5 milhões de pessoas estão envolvidas, apesar de apenas 3,6 milhões delas terem cotas nestes fundos de pensão, segundo dados do setor, onde a evasão é corrente.




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