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Desmatamento anula benefício climático do etanol
Da AFP
09/11/2008 | 12:02
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Em cinco anos, desde que a tecnologia de motores biocombustíveis chegou ao mercado de automóveis, o Brasil "economizou" 42,5 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono), que deixaram de ser emitidas para a atmosfera graças à substituição de gasolina por álcool combustível, segundo cálculos da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Isso equivale a três anos e meio de emissões de CO2 da cidade de São Paulo, como se todos os veículos e fábricas da metrópole tivessem parado de funcionar durante esse período.

Segundo o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, os 42,5 milhões de toneladas poupados representam quase 20% das emissões brasileiras do gás - excluindo o que é emitido via desmatamento e queimadas. "É um número muito significativo", afirma Goldemberg. Essa é a boa notícia.

A má notícia é que, quando se leva em conta as emissões por desmatamento e queimadas na Amazônia, essa economia do álcool se desvaloriza quase que instantaneamente na atmosfera. Em um único mês, a combustão da floresta tropical lança na atmosfera a mesma quantidade de gás carbônico que deixou de ser emitida nos cinco anos de tecnologia flex fuel. A comparação foi feita com base em informações fornecidas por especialistas da academia e da indústria

Pesquisadores estimam que cada quilômetro quadrado de floresta derrubada e queimada na Amazônia libera para a atmosfera, em média, 44 mil toneladas de CO2. Em 2007, por exemplo, foram derrubados 11.532 km² de floresta amazônica, segundo dados oficiais do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Pelos cálculos dos cientistas, isso implicou na emissão de 507,4 milhões de toneladas de CO2, o que dá uma média de 42,3 milhões de toneladas por mês - quase o mesmo que os 42,5 milhões de toneladas evitadas pelo uso de álcool em motores flex fuel em cinco anos.




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