Prejuízo. Este é o principal ponto comum entre os balanços trimestrais divulgados pela General Motors e Ford. As montadoras registraram déficit de US$ 2,5 bilhões e US$ 129 milhões respectivamente. Mesmo assim, consultores automobilísticos do mercado na região dizem que não há motivo de alarde para as unidades das empresas no Grande ABC.

"O responsável por estas quedas são os Estados Unidos, mas a situação deles é distinta da nossa. No Brasil as montadoras viveram épocas fantásticas e agora beiram a normalidade, lá o caos é total", diz o diretor da ABK Automotive, Paulo Roberto Garbossa.

Para ele, as unidades da GM e Ford instaladas na região não correm riscos. "É um outro contexto", diz o especialista, "não há motivo para temer demissões, por exemplo", conclui Garbossa.

O diretor da Megadealer (consultoria especializada em montadoras), José Caporal concorda que não há motivo para apreensão. "Nosso mercado está seguro, no caso da Ford, por exemplo, há aspectos independentes. Temos uma fábrica aqui e a rede só tem crescido", diz.

Garbossa ressalta que os últimos números negativos registrados pela indústria automobilística são frutos de uma base de comparação muito favorável. Para ele, os 11% de queda no setor, registrados em outubro, refletem uma incerteza gerada pelo cenário externo. "Na verdade o porco do vizinho fugiu e nós aumentamos nossa cerca. Isso foi gerado por especulação, mas o mercado deve retomar o fôlego e voltar a apresentar crescimento, mesmo que não tão acentuado, em 2009", conclui.

Ford da América do Sul registra índices positivos

"Os resultados do terceiro trimestre para a América do Sul foram positivos, refletindo crescimento de vendas. Entretanto, estamos vivendo um momento de mudança de cenários, mas acredito que os sólidos fundamentos da economia brasileira e a estratégia de negócios da Ford serão decisivos para a retomada do processo de crescimento sustentado", disse Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul.

A GM não se posicionou sobre o prejuízo de US$ 2,5 bilhões no trimestre.

CRISE - Especialistas acreditam que a crise internacional tem os dias contados. Para Caporal a situação dos EUA tende a melhorar. "Em meados de fevereiro deveremos sentir uma melhora do mercado financeiro. Com a posse de Barack Obama haverá um novo fôlego e a situação deve ser controlada", afirma.

Pelo visto, a perspectivia é acertada. "A equipe de transição terá de trabalhar sobre novas medidas para ajudar a indústria de automóveis a se adaptar à queda na demanda. Vamos mudar tudo isso", disse Obama m sua primeira coletiva como presidente eleito.