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Crianças vão à escola por via sem calçada
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
05/03/2013 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O caminho de ida e volta da escola se tornou rotina cansativa e perigosa para cerca de dez crianças do bairro Royal Park, em São Bernardo. Por não terem direito a transporte escolar, a maioria por motivo de transferência, os pequenos com idade entre 6 e 8 anos enfrentam caminhada de 20 minutos em avenida sem calçada e cercada por mato alto até a Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Professor Waldemar Canciani, no Parque Imigrantes.

O percurso de mais de dois quilômetros e meio é feito entre veículos que passam pelas avenidas Venâncio Tomás de Aquino e Gines Gonsalez em alta velocidade, apesar de placa indicar limite de 40 km/h. O trajeto inclui ainda passagem perigosa por ponte improvisada de madeira sobre córrego para algumas famílias.

"Esse é o único caminho. Temos medo porque é deserto, principalmente de manhã e no fim da tarde, e já houve casos de tentativa de estupro por aqui", afirma a dona de casa Michele Santos Vieira, 30 anos. O caso de Michele é o mais curioso. Isso porque um dos dois filhos que estudam na Emeb Professor Waldemar Canciani é transportado pelo ônibus escolar do município, enquanto a filha precisa caminhar até a escola. "Os dois tinham direito ao transporte, mas neste ano cortaram o da minha filha de 8 anos", diz.

Muitas das mães estão com o problema porque transferiram as crianças da Emeb mais próxima de casa - Deputado Odemir Furlan, no bairro Royal Park, - por estarem insatisfeitas com a qualidade do ensino. "Além de ser pequena, não há pátio, quadra de esportes ou playground", justifica a assistente financeira Tatiane Delfino, 31. Ela diz que a filha de 7 anos conseguiu direito de ser transportada de casa até a nova escola neste ano, mas por pouco tempo. "Alegaram que a transferência foi minha opção."

A Prefeitura de São Bernardo confirma, destacando que as mães que transferiram os filhos para a escola mais distante quando havia vaga perto de casa perdem o direito ao transporte escolar gratuito, como prevê a lei de Diretrizes e Bases da Educação.

A auxiliar de montagem Carla Barra Santos, 27, porém, afirma ter declaração que atesta falta de vagas para alunos da 3ª série do Ensino Fundamental perto de casa. Mesmo assim, não conseguiu o transporte. "A gente não entende por que algumas crianças que moram no mesmo lugar têm direito e outras não."

Segundo a auxiliar de limpeza Elizabete Ferreira Silva, 36, há vagas no ônibus escolar que transporta as crianças do Royal Park até a Emeb do Parque Imigrantes diariamente. "A van passa com alguns dos nossos vizinhos, mas praticamente vazia."

Sobre o caminho perigoso, a Prefeitura prometeu vistoriar o local para verificar o problema com o mato alto e inexistência de calçadas.




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