Internacional Titulo Obama x McCain
Crise econômica domina eleição nos EUA
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
03/11/2008 | 07:35
Compartilhar notícia


A crise econômica foi o grande tema desta eleição presidencial nos Estados Unidos. Desde o início do auge dos problemas financeiros no país, que se alastraram por todo o mundo, Barack Obama viu sua vantagem aumentar em relação ao seu oponente, o senador republicano John McCain.

"Obama se beneficiou da crise econômica e de sua atuação no segundo debate, quando se mostrou melhor preparado para solucionar o problema. Até aí, seu ponto frágil era a inexperiência administrativa, lembrada a todo momento por McCain. Ele conseguiu neutralizar esta desvantagem. Se não tivesse ocorrido a crise econômica, talvez Barack Obama não estivesse tão confortável nas pesquisas de intenção de voto", afirma Rodrigo Cintra, chefe do departamento de Relações Internacionais da ESPM.

Segundo Cintra, McCain não acompanhou as questões que começaram a emergir e não percebeu a mudança de agenda, fazendo com que "o vento virasse para o lado de Obama". "Quando começa a crise, o assunto torna-se, sem dúvida, o mais importante desta eleição, pois o americano começa a se preocupar com o seu emprego", diz.

Para o especialista da ESPM, o primeiro grande desafio do próximo presidente, que assumirá no dia 20 de janeiro de 2009, será no âmbito doméstico. Será preciso reestimular o sistema produtivo, manter a economia aquecida e evitar a elevação do desemprego. Outras temáticas também estiveram presentes nesta eleição presidencial americana. Uma das primeiras foi a questão da segurança nacional e as políticas dos EUA em relação ao resto do mundo.

Erros e acertos - Especialistas consultados pelo Diário apontam que o candidato democrata Barack Obama conseguiu errar menos do que o republicano John McCain.

Um dos principais fatores que prejudicaram a campanha republicana foi a escolha da governadora do Alasca Sarah Palin, como vice. "Ela é vista de uma forma muito negativa. Vem de um Estado pequeno, não circula nos grandes centros de poder da política americana e tem o nome ligado a casos de corrupção. Também não tem experiência suficiente para assumir a presidência, pois muito foi falado sobre a idade avançada de McCain", afirma Denilde Oliveira Holdhacker, professora de Teoria das Relações Internacionais da Faap.

Denilde afirma também que o presidente George W. Bush tornou-se um fator prejudicial na campanha do senador pelo Arizona. "Foi uma eleição em que todo mundo estava contra Bush. Isso afetou McCain e os republicanos", analisa.

Especialistas não acreditam em surpresas

Barack Obama deverá ser eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Apesar de existirem chances estatísticas de uma virada do candidato republicano John McCain - já que o presidente não é eleito pelo voto popular e sim por meio de um colégio eleitoral - especialistas de política internacional consultados pelo Diário não acreditam em surpresas de última hora, já que a campanha do candidato democrata está em curva ascendente desde o começo de setembro.

Segundo projeção do site especializado RealClearPolitics, da última sexta-feira, Obama contava com 311 votos do colégio eleitoral, e McCain com 132. Deste total, 238 são considerados certos para o candidato democrata e 73 ainda não garantidos. No caso de McCain, os analistas dizem que são 127 votos garantidos no colégio eleitoral e 5 não confirmados. Há ainda 95 votos que estão completamente indefinidos. Para se tornar presidente dos EUA é preciso somar pelo menos 270 votos.

"Não acredito que possa haver uma mudança, apesar de isso ser tecnicamente possível. Obama virou o jogo em meados de setembro e desde então vem se consolidando nas pesquisas de intenção de voto", afirma Rodrigo Cintra,chefe do departamento de Relações Internacionais da ESPM.

Denilde Oliveira Holdhacker, professora da disciplina de Teoria das Relações Internacionais da Faap, também analisa que uma virada "é pouco provável".

Ela alerta que em alguns Estados, como a Flórida, o quadro pode se reverter, por que a diferença entre os candidatos não é tão substancial. Ela lembra que foi no Estado da Flórida onde foi decidida a primeira eleição de George W. Bush contra Al Gore.

Destaque - Para ela, a campanha do senador por Illinois obteve maior destaque desde as primárias disputadas com Hillary Clinton e mostrou uma grande capacidade de organização.

Apesar de o voto ser optativo nos Estados Unidos, o que poderá resultar em grande índice de abstenção amanhã, Denilde destaca a capacidade de mobilização dos democratas. "Existem muitos voluntários, um excelente trabalho de base. Isso faz com que as pessoas se sintam motivadas", afirma a professora da Faap.

Efeito Bradley pode afetar campanha de democrata

A questão racial, que se tornou um tabu nesta eleição presidencial dos Estados Unidos, poderá estar presente nas urnas amanhã e impactar negativamente no resultado de Barack Obama. Trata-se do chamado efeito Bradley, que se refere à tendência de votos a candidatos afro-descendentes detectada em pesquisas de intenção de votos, mas que se traduzem diferentes no resultado das eleições.

O nome vem de Tom Bradley, prefeito negro de Los Angeles, favorito nas pesquisas de intenção de voto para o governo da Califórnia, em 1982. Entretanto, ele acabou perdendo. Assim como Obama, Bradley era do Partido Democrata, e concorria com um candidato branco do Partido Republicano.

Algumas pesquisas divulgadas nos EUA revelaram que o efeito Bradley pode afetar as eleições em até 6%. Pesquisa do jornal Washington Post e da rede ABC dava na sexta-feira 8 pontos de vantagem ao democrata (52% a 44%).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;