Economia Titulo Óleo
Preço do petróleo não deve aumentar
Soraia Abreu Pedrozo
e Leone Farias
26/10/2008 | 07:22
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Mesmo com a suspensão de parte da produção de petróleo pelos integrantes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), iniciada na última sexta-feira, o preço do barril não deverá subir e o Brasil não deverá ser afetado, dizem especialistas.

A Opep, composta por Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Líbia, Nigéria, Angola, Argélia, Irã, Iraque, Venezuela, Equador e Indonésia, decidiu estagnar parte de sua produção na tentativa de aumentar a demanda pelo combustível fóssil, e, assim, elevar o preço do barril, que há semanas beirava os US$ 150. Na sexta-feira, estava cotado a US$ 62,60.

No entanto, como a quantidade é bastante pequena quando comparada ao total produzido, não foi o que aconteceu.

Por dia são extraídos cerca de 86 milhões de barris, e os petroleiros cessaram a produção de 1,5 milhão de barris. "Os países produtores são pobres e dependem integralmente desse negócio paragerar renda. Se diminui a produção, aumenta o desemprego e o ritmo de compra é reduzido. Portanto, eles não têm condições de minimizar mais ainda a produção", explica Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Em relação à ameaça de aumento do preço da gasolina, Bacoccoli afirma que as chances são bastante remotas. "Temos condições de nos suprir, pois matematicamente somos autosuficientes", diz, referindo-se à produção nacional do combustível fóssil.

Embora o petróleo extraído da Bacia de Campos (Rio de Janeiro) seja um tipo pesado, é possível, após um remanejamento das usinas, deixá-lo mais leve e apropriado à geração do petróleo que dá origem à gasolina - o País é grande exportador de petróleo pesado e importador de petróleo leve.

Na avaliação do diretor da consultoria Maxiquim, João Luiz Zuñeda, o mercado está muito volátil, e, mesmo com a intervenção da Opep para impedir a queda da cotação do petróleo, a tendência é de que essa commodity caia ainda mais, podendo ficar entre US$ 50 e US$ 60 o barril.

"O tombo (do mercado financeiro) e começa a chegar à economia real", afirma. Para ele, há dois efeitos da crise sobre os preços do petróleo: a retração da atividade econômica mundialmente, o que vai significar menor demanda pelo insumo. E além disso, muitos investidores vinham aplicando em commodities para se proteger do dólar fraco e, com a valorização da moeda americana, isso deixou de ocorrer.




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