Cultura & Lazer Titulo DVD
Sandra de Sá bem acompanhada
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
23/10/2008 | 07:20
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O preconceito de uma parcela do público com músicos populares pode criar distorções que impedem a apreciação de cantoras como a veterana Sandra de Sá. O DVD Sandra de Sá Ao Vivo - Música Preta Brasileira (Universal, R$ 35 em média) é um bom antídoto contra avaliações precipitadas sobre a consistência do trabalho da intérprete.

O vídeo traz a íntegra de um show realizado em 2003, no Espaço Universal Up, no Rio de Janeiro. No repertório da apresentação, há desde estandartes da black music brasuca a hits gravados nos anos 1980.

Não é preciso conhecer muito da história da MPB ou ser fã da artista para perceber que ela passeia com desenvoltura pelo soul e o funk.

Ou seja, trata-se de um projeto autêntico, em que os participantes dominam a linguagem desses estilos musicais, como fica evidente logo na abertura do espetáculo, em Olhos Coloridos. Só por essa sinceridade, o DVD já merece ser avaliado com atenção.

Após cerca de três décadas de trajetória artística, a intérprete conserva a boa extensão vocal e a capacidade de dosar ingredientes em músicas passionais e divertidas.

A competente banda de apoio ajuda bastante nessa tarefa, com destaque para o guitarrista Claudio Costa e o baixista Jorge Ailton.

A seção ‘melodias-para-embalar-corações-dilacerados' é formada por clássicos como As Dores do Mundo, composição de Hyldon gravada originalmente nos anos 1970 e resgatada duas décadas mais tarde pelos mineiros do Jota Quest.

O romantismo de Sandra também está explícito nos arranjos de sua fase mais controversa, quando recebeu o rótulo de cafona por enfileirar sucessos de compositores como Michael Sullivan, Paulo Massadas e Carlos Colla.

São dessa fase composições como Retratos e Canções, Bye, Bye Tristeza e Solidão. Nesta última, ela desafina em um refrão, mas não compromete o resultado final.

Segura, a cantora faz pouco caso da polêmica a respeito do que poderia ser considerado elitista e o que deveria ser chamado de vulgar. "Brega é uma coisa brega até que o chique use. Tudo é tudo e nada é nada, como diria Tim Maia", diz.

Aliás, o ‘síndico', um dos mestres da tal ‘música preta brasileira', é saudado com a interpretação de Vale Tudo. A obra do cantor e compositor Jorge Ben Jor, outro representante desse gênero, também é revisitada (Chove Chuva e Fio Maravilha).

Participações - O time de convidados escalado por Sandra para participar do projeto apresenta performances irregulares. O ex-vocalista do Cidade Negra, Toni Garrido, por exemplo, consegue apenas uma atuação mediana e dispensável em Não Vá. O rapper Gabriel, o Pensador comprova sua versatilidade no ‘mezzo funk, mezzo rap' de Boralá (Criolo Brasileiro), escrita em parceria com Sandra e Aninha Lima.

As cantoras Alcione e Luciana Mello brilham em Black is Beautiful, celebrizada por Elis Regina.




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