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Marco Nanini encarna Odorico Paraguaçu
Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
18/04/2008 | 07:21
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Odorico Paraguaçu está de volta. O prefeito da “pérola do Norte, orgulho do Estado da Bahia”, a fictícia Sucupira, retorna na pele de Marco Nanini, em O Bem Amado. O espetáculo da Cia. dos Atores estréia hoje, no Teatro Cultura Artística, em São Paulo.

 Levada ao ar pela primeira vez em 1973 como novela, e de 1980 a 1985 como seriado, a saga narra a trajetória do demagogo, oportunista e inescrupuloso prefeito Odorico (imortalizado na TV por Paulo Gracindo), dono de um curioso vocabulário próprio. ‘Botando de lado os entretantos e partindo para os finalmentes’, utilizando palavras do homem, o político nutre o desejo de construir um cemitério no município. Para tanto, o assunto tem presença veemente em seus extensos discursos: “Eu sou homem de uma palavra só, não sou um bivocabular. Comprometi-me inclusive a dar uma cova de graça ao eleitor que, na hora da extrema-unção, declare ter votado em mim.”

 Readaptado por Guel Arraes e Claudio Paiva, o novo O Bem Amado traz características de um Nordeste atual, mas preserva a idéia original de 1961 do dramaturgo Dias Gomes, morto em um acidente em 1999.

 A adaptação para o folhetim de 1973 inovou: foi a primeira novela gravada em cores no Brasil e, também pela primeira vez, teve trilha-sonora exclusiva. Os responsáveis pelo feito foram os músicos Toquinho e Vinicius de Moraes.

 A idéia de remontar o texto surgiu do próprio Nanini, após um convite para viver o mesmo papel no cinema, em um longa dirigido por Arraes. O percurso é o mesmo de Lisbela e o Prisioneiro, peça do adaptador que ganhou os cinemas depois de estrear no teatro.

 Para compor o mítico personagem, Marco Nanini ouviu discursos de políticos dos anos 1950 e 1960, além de acompanhar os que hoje vão à televisão para divulgar projetos e promessas.

 Dirigida por Enrique Diaz, a montagem ganhou facetas antropofágicas e tropicalistas. Em um mesmo cenário o diretor funde o pop, o brega, a arte das periferias e elementos da cultura popular brasileira.

 Criada por Gringo Cardia, a concepção visual de O Bem Amado foi-se impregnando de uma mesclagem de objetos e idéias que remetem a traços de uma cultura nacional. Isso faz com que, segundo o diretor, a peça retire Sucupira do “padrão imagético da cidade provinciana de 30 anos atrás”.

 Além do ator global, a montagem conta com Bel Garcia, César Augusto, Marcelo Olinto, Gustavo Gasparani e Susana Ribeiro, além da presença de Raquel Rocha, atriz convidada da companhia.

SEGURANÇA

 Com 43 anos de carreira, Nanini revela que não fica nervoso diante de uma estréia, mas um pouco apreensivo. “O encontro com essa entidade, o personagem, é sempre apreensivo. Tem dias que resolve não aparecer”, disse anteontem, em coletiva de imprensa.

 Com uma rotina atribulada – de segunda a quarta-feira grava A Grande Família, série da Globo, às quintas faz a ponte entre Rio e São Paulo, e às sextas, sábados e domingos é tomado pelos compromissos do espetáculo –, o ator não tem tempo para pensar em grandes projetos. “Não falta nada na minha vida. Não tenho nenhum sonho inatingível”, completa.



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