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Sem temor
Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
13/04/2008 | 07:08
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Um sentimento limitador, que gera insegurança e ansiedade. O medo, estado afetivo comum a todo ser humano, embora pareça normal, esconde outros problemas que, a longo prazo, podem atrapalhar o ritmo de vida. Doenças como o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e a Síndrome do Pânico são ocasionadas por pequenas situações do dia-a-dia, que, somadas, têm proporções preocupantes.

Desde o nível mais ameno até aqueles que aprisionam a pessoa em casa, o sentimento pode ser dividido em dois tipos: a fobia específica e a fobia social.

O primeiro é designado por aqueles pavores comuns, principalmente entre as mulheres, como repulsa à barata, ao escuro e à altura. O segundo corresponde à aversão de ficar em meio de multidões ou em locais de grande circulação de pessoas.

Segundo o psicólogo Gildo Angelotti, diretor executivo do Instituto de Neurociência e Comportamento de São Paulo, o medo é um transtorno da ansiedade. “A fobia social incapacita socialmente, profissionalmente, e deixa os relacionamentos ruins. Já o medo é só de uma coisa específica e é mais fácil de ser tratado”, acrescenta.

Causa – Geralmente, estes tipos de preocupações são ocasionados, segundo o especialista, ainda na infância. “Se a mãe fala ao filho: ‘Não vai lá fora que tem cobra’, ele sempre vai se lembrar dessas recomendações e ter pavor do bicho.”

Embora sejam situações comuns, a psiquiatra Flávia Ismael, do Hospital Mário Covas, de Santo André, diz que devem causar preocupação quando começam a interferir no dia-a-dia.

“Sempre vamos considerar patológico quando aquilo causa desconforto, quando atrapalha a vida da pessoa e não existe um motivo real para aquele medo. É o caso de procurar um especialista, porque existe um sofrimento”, explica.

A professora de educação física e de balé Andréa Coccato, 25, de São Caetano, só se aproxima de borboletas se elas forem de papel. “Tenho pavor de bichos que voam”, diz. Ela acredita que seu medo tenha se intensificado por conta de um trabalho escolar que fez na quarta série do ensino fundamental, o chamado insetário. “Tínhamos de caçar os bichos, colocá-los no formol e depois espetá-los no isopor. Para não ficar sem nota tive de fazer. Creio que foi meu trauma maior.”

Em outra ocasião, ao ver uma lagartixa na sala em que dava aula de balé, Andréa se trancou dentro do armário e só saiu quando ela foi capturada. “As pessoas até brincam com o meu medo, mas só eu sei o que sinto quando vejo estes bichos.”

Medos Típicos

Crianças: bicho-papão; fantasma; professor bravo; atravessar a rua; cobra; aranha; escuro; medo que a mãe morra ou que vá embora.

Adultos: ser assaltado; ataque de facções criminosas; estupro; violência; trânsito; enchente; saúde dos filhos.

Idoso: morrer; perder o parceiro; não ter mais atividade; não ter mais valor à sociedade; descer escadas; passar mal e estar sozinho; se machucar.




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