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Obra na Câmara é ‘elefante branco’
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
29/03/2008 | 08:14
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Há quase dois anos passando por reforma e ampliação, o prédio da Câmara de São Caetano se tornou um elefante branco no cenário urbano da região central da cidade. Além da interminável obra no local, a situação da edificação onera os cofres públicos com aditivos no contrato e aluguel do imóvel onde o Legislativo funciona atualmente.

Ao anunciar a obra na Câmara, em 2006, o Executivo declarou gasto de R$ 6 milhões com a reforma e ampliação. Já no meio do ano passado, após três adiamentos de inauguração, o orçamento havia saltado para R$ 8 milhões. Hoje, o valor escapa do controle da administração e nem mesmo o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) sabe calcular o investimento. “Sinceramente, de cabeça não sei falar agora”, esquiva-se.

O aluguel do imóvel onde hoje funciona a Câmara, na Rua Amazonas, e o pagamento de estacionamento para os carros dos vereadores aumentam os gastos financeiros. Em 26 meses de atividades num antigo colégio, foram consumidos R$ 440 mil (R$ 420 mil pela locação – cerca de R$ 16 mil mensais – e R$ 20 mil pelas vagas em estacionamento privado – R$ 770 por mês).

Desde o início da intervenção no prédio número 600 da Avenida Goiás, em maio de 2006, a Prefeitura já divulgou sete datas para inaugurar o novo prédio (leia arte abaixo). O último prazo estipulado pela Prefeitura é junho deste ano. “Vamos inaugurar até 30 de junho. Tenho posição oficial da empresa (H.Guedes Engenharia)”, garante Auricchio. Procurada, a empreiteira afirma que trabalha para concluir a obra em 2008 e que o prazo somente pode ser fixado pela Prefeitura.

A reportagem esteve por duas vezes, nesta semana, no canteiro de obras, observou as condições e ouviu relatos que colocam as pretensões de inauguração ainda neste semestre em dúvida. “Falta muita coisa ainda. Este prédio não sai (fica pronto) neste ano”, disse um operário.

Comerciantes locais, acostumados com os adiamentos de entrega, também estão desacreditados de mais uma promessa. E ressaltam os prejuízos causados pela demora na conclusão dos trabalhos. “Não sei quando vai sair. (A indefinição) atrapalha nosso trabalho”, comenta uma comerciante. “Quando ficar pronta, vai ficar bem melhor, com mais movimento, num espaço aberto. Esses tapumes são muito feios”, reclama um taxista, que inclusive apontou a paralisação “por mais ou menos um ano” da obra.

O prefeito Auricchio justifica a lentidão para finalização da reforma em “problemas estruturais” do prédio. E nega qualquer interrupção nos trabalhos. “Fizemos uma obra muito grande no subsolo. Foram feitas intervenções nas fundições, dando o aspecto de que a obra estava parada”, argumenta.

O presidente da Câmara, Paulo Bottura (PTB), enfatiza que o atraso na entrega da revitalização não incomoda e que os parlamentares mantêm contato com a Diretoria de Obras da Prefeitura para acompanhar o andamento das obras. “O Executivo está promovendo muitas obras na cidade. A conquista da Câmara nova, uma antiga reivindicação, nos enche de orgulho”, atenua.

Bottura não descarta, porém, novo atraso. “Se a reforma acabar no período eleitoral, entraremos e iremos inaugurar trabalhando.”



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