Internacional Titulo
China chama protesto na Grécia de 'vergonhoso'
Da AFP
25/03/2008 | 11:36
Compartilhar notícia


A China considerou nesta terça-feira vergonhoso o incidente ocorrido durante a cerimônia em que a chama olímpica foi acesa na Grécia e rejeitou a pressão internacional pela situação dos direitos humanos no Tibete, que se acentua a menos de cinco meses dos Jogos de Pequim.

"Qualquer ato que perturbe a trajetória da tocha é vergonhoso e impopular", disse o porta-voz da Chancelaria em Pequim, Qin Gang.

Na segunda-feira, três membros da organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras) conseguiram se aproximar da tribuna durante o discurso do chefe do Comitê Organizador dos Jogos, na cidade grega de Olímpia. Um deles teve tempo de exibir uma bandeira, enquanto os outros gritavam "liberdade, liberdade", antes de serem detidos.

A imprensa chinesa ignorou o incidente nesta terça-feira, à exceção do Global Times, um jornal especializado em política externa, que dedicou poucas linhas ao assunto. A China advertiu que as autoridades de cada país devem fazer todo o possível para que esse tipo de incidente não se repita.

"As autoridades competentes dos países por onde passará a tocha têm a obrigação de assegurar um percurso sem problemas", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. A RSF prometeu manter suas manifestações ao longo de todo o trajeto.
 
A chama, que cruzará o Tibete em junho, manteve nesta terça-feira seu percurso na Grécia, protegida por um forte esquema de segurança.

O símbolo olímpico partiu de Messolonghi (oeste), em direção a Ioannina, cerca de 250 km ao norte. No dia 30 de março será levada para Pequim, para realizar a partir da capital chinesa um périplo de 137 mil km pelos cinco continentes e retornar à capital chinesa para a inauguração dos Jogos, no dia 8 de agosto.

Por outro lado, o governo chinês anunciou que selecionou um grupo de dez jornalistas para visitarem Lhasa esta semana para que "conheçam a verdade" acerca dos distúrbios na região.

Segundo a versão oficial, os incidentes que eclodiram há quinze dias deixaram 19 mortos, todos eles "inocentes", ou seja, da etnia chinesa, que teriam sido assassinados pelos separatistas tibetanos fiéis ao Dalai Lama, líder do budismo tibetano, que vive exilado em Dharamsala (norte da Índia).

Críticas- O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, criticou nesta terça-feira a repressão no Tibete, que segundo as organizações tibetanas no exílio, deixou pelo menos 140 mortos.

"Essa repressão não é tolerável", disse Kouchner, embora tenha descartado a idéia de um boicote esportivo pois "ninguém, a começar pelo Dalai Lama", está pedindo.

O presidente francês Nicolas Sarkozy rompeu na segunda-feira o silêncio sobre a questão tibetana com uma mensagem na qual pedia ao seu colega chinês Hu Jintao "moderação e o fim da violência por meio de diálogo no Tibete"..

Já a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, fez na segunda-feira um apelo à China para que dialogue com o Dalai Lama como parte de uma "política mais sustentável" de Pequim no Tibete.

No entanto, a China voltou a ignorar esses apelos, e reiterou nesta terça-feira que os países que defendem um diálogo com o Dalai Lama não representam o conjunto da comunidade internacional.

"Não creio que esses países representem o conjunto da comunidade internacional. Desde os incidentes, cerca de 110 países manifestaram seu apoio à posição da China", disse Qin Gang.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;