Tudo indica que os russos estão dispostos a ratificar a opção do Kremlin, elegendo como presidente, neste domingo, Dimitri Medvedev, que formará com Vladimir Putin uma aliança ainda permeada de incertezas.
Na Rússia, país que possui onze fusos horários, a votação começa neste sábado às 17h (horário de Brasília) em regiões do extremo oriente, e irá terminar no domingo às 15h em Kaliningrado, na Europa.
Devido à falta de suspense eleitoral - segundo as sondagens Medvedev lidera com folga - os analistas se preocupam em fazer previsões sobre o que poderá acontecer depois da eleição e com a principal incógnita: a viabilidade da aliança Medvedev-Putin.
O presidente, que indicou pessoalmente Medvedev como candidato à eleição presidencial, já afirmou que irá ocupar o cargo de primeiro-ministro após os comícios. Putin, que já foi vitorioso com a chapa que apresentou nas eleições legislativas de dezembro, assegura que irá desempenhar em seu novo posto o poder "executivo supremo", deixando confusos muitos analistas.
A dupla, que ao que tudo indica deve governar o país, "não tem futuro", porque "só deve haver um só líder no sistema institucional atual", explica Alexander Konovalov, presidente do Instituto russo de avaliações estratégicas.
A questão é saber qual dos dois irá se impor, já que, apesar da Constituição outorgar a principal parcela do poder ao presidente, Putin tem o apoio dos membros dos serviços de segurança.
Se Medvedev conseguir manter seu poder diante de Putin, a pergunta é se ele preservará a continuidade política e econômica, já que alguns membros da mídia e empresários dizem vislumbrar uma política mais liberal em algumas declarações e posições adotadas por Medvedev.
A outra incógnita, ligada a um tema mais imediato, é se a eleição presidencial irá ser acompanhada de mais uma crise de gás com a Ucrânia. De qualquer forma, o que está claro é que Medvedev foi onipresente na Rússia nas últimas semanas.
Desta forma, os outros três candidatos, o comunista Guennadi Ziuganov, o ultranacionalista próximo do Kremlin Vladimir Jirinovski e o pró-Europa Andrei Bogdanov, condenados a atuar como figurantes, só terão no domingo, segundo as últimas pesquisas, uma porcentagem de votos de 9%-16%, 7%-14% e 1%, respectivamente. Medvedev, atual primeiro vice-primeiro-ministro, conseguiria entre 61% e 80%.
Por sua vez, a oposição liberal, que não pôde apresentar nenhum candidato às eleições, afirmou que estava disposta, neste sábado, a entregar à Comissão eleitoral mais de 5 mil assinaturas de personalidades e cidadãos que se negam a "participar desta farsa" eleitoral.
Desta forma, talvez porque as autoridades temem uma taxa de participação insuficiente para legitimar plenamente o terceiro presidente da Rússia pós-soviética, todos os meios de comunicação estão mobilizados na convocação da população para o voto: desde o solene chamado de Vladimir Putin aos seus compatriotas, na sexta, através da televisão, às bandeirolas nas ruas com a bandeira russa no fundo e mensagens nos telefones celulares.
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