A base governista no Congresso Nacional já manobra para tentar indicar tanto o presidente como o relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investigará supostas irregularidades cometidas por autoridades do alto escalão do governo federal no uso do cartão de crédito corporativo da União.

Nesta terça-feira, o PMDB, detentor da maior bancada no Parlamento, anunciou que vai indicar o senador Neuto de Conto (SC) para a presidência da Comissão investigativa. O PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tentará emplacar o relator, mas a oposição já protesta e quer colocar um deputado federal do DEM ou do PSDB no cargo.

“Não faz sentido os dois postos ficarem com a bancada do governo”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Já o PMDB e o PT acreditam que têm o direito de ficarem com os cargos justamente por possuírem a maior bancada no Congresso.

A CPMI dos cartões será instalada após um acordo entre governo e oposição fechado na última segunda-feira. O objetivo da Comissão será investigar supostos abusos com o mecanismo cometidos desde 2001, quando foram criados os cartões, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Caso seja necessário, a CPMI pode retroagir até o ano de 1998, quando ainda eram utilizadas as chamadas contas do ‘tipo B’, nas quais os funcionários do governo utilizavam cheques para efetuar suas despesas.