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Europa duvida do plano Bush para conter recessão nos EUA
Da AFP
22/01/2008 | 10:59
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Os governos europeus manifestaram abertamente nesta terça-feira suas dúvidas sobre a eficácia do plano de recuperação econômica do presidente George W. Bush e sua capacidade de evitar uma recessão nos Estados Unidos, que teria conseqüências inevitáveis para a União Européia.

"Não se fala de uma recessão mundial. Fala-se do risco de uma recessão norte-americana", afirmou o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín Almunia, à margem de uma reunião de ministros das Finanças da UE em Bruxelas.

Na segunda-feira, o Eurogrupo (fórum de ministros da zona de países que compartilham a moeda única) não descartou uma recessão nos Estados Unidos, afirmando que a economia européia seria capaz de resistir melhor por ter bases mais sólidas.

De qualquer maneira, uma recessão americana teria conseqüências inevitáveis na UE, admitiram. "A questão é saber como se vai evitar uma recessão nos Estados Unidos. As autoridades americanas anunciaram medidas. Espero que sejam eficientes", disse Almunia.

A queda das bolsas européias reflete o temor de uma forte desaceleração da economia americana, num cenário de ceticismo dos investidores quanto ao plano anunciado na sexta-feira passada pelo presidente Bush de injetar mais de US$ 140 bilhões por meio de descontos de impostos.

Segundo os analistas, o plano não visa aos riscos financeiros, que provocaram turbulências nos mercados mundiais desde meados de 2007, depois da crise de empréstimos hipotecários "subprime" nos Estados Unidos.

O remédio de Bush também não convenceu as autoridades econômicas européias e a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, avaliou nesta terça-feira que o presidente americano terá "de ir mais longe" em suas medidas, explicando como planeja injetar esses bilhões de dólares.

"Todo mundo está preocupado e, principalmente, existem interrogações sobre o que vai acontecer nos Estados Unidos, se as intervenções do governo serão eficientes ou não", afirmou o ministro holandês Wouter Bos.

O diretor-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, enfatizou que a crise provocada pela desaceleração americana é "séria" e que as bolsas mundiais não teriam "apreciado" o plano de Bush.

"De certa forma, era um pouco previsível, mas o presidente Bush quis tentar esta solução", acrescentou Strauss-Kahn, presente em Bruxelas para participar na reunião de ministros europeus.

A estas opiniões negativas dos europeus e o FMI se somou à do presidente Luis Inácio Lula da Silva, que, na segunda-feira, pediu aos Estados Unidos que assumam suas responsabilidades e evitem a propagação da crise financeira na América Latina e na África.




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