A Sérvia escolherá no segundo turno da eleição presidencial, no dia 3 de fevereiro, entre um ultranacionalista que poderá levar o país de volta ao seu passado isolacionista e um reformador, cujo desejo é se aproximar da Europa.
A eventual independência futura de Kosovo, a passagem para uma economia de mercado que afundou muitos na pobreza e as relações da Sérvia com o restante do mundo dividiram os eleitores entre o nacionalista de linha dura Tomislav Nikolic e o pró Europeu e atual presidente Boris Tadic no primeiro turno no domingo.
Nikolic superou Tadic, liderando os nove candidatos, mas como nenhum deles obteve a maioria necessária, os dois adversários se enfrentarão no segundo turno no dia 3 de fevereiro.
O analista Slavisa Orlovic afirmou que o segundo turno será "um confronto duro" entre Nikolic, um ex-aliado do homem forte da Sérvia, Slobodan Milosevic, que quer estreitar os vínculos com a Rússia, e o reformista Tadic. "O primeiro turno foi uma seleção, o segundo será outra", afirmou Orlovic.
A Sérvia conta com o apoio da Rússia em sua rejeição à independência de Kosovo e Nikolic quer relações mais estreitas com Moscou. Para o especialista Slobodan Vucetic, Nikolic se "fortaleceu consideravelmente" graças ao apoio do Ocidente aos separatistas kosovares.
Nikolic afirmou que a Sérvia deveria se voltar para a Rússia em busca de cooperação e respaldo e advertiu que a União Européia deve deixar de "impor obstáculos" à Sérvia. Seus exaltados discursos nacionalistas e suas promessas de adotar medidas econômicas populistas lhe valeram o apoio dos sérvios mais pobres e de centenas de milhares de desempregados ou daqueles que recebem baixos salários na nova economia de mercado.
"Ao prometer lutar por Kosovo a qualquer custo, ao se voltar contra a União Européia se Kosovo se tornar independente, Nikolic promete retornar ao passado, aos valores e à política de Milosevic", afirmou o analista Misa Brkic.
"Deveríamos lembrar o quão isolado ficou este país quando Nikolic e seus aliados estavam no governo", acrescentou. Nikolic foi o vice-primeiro-ministro no final dos anos 90, quando seu Partido Radical Sérvio era aliado de Milosevic.
Embora se oponha à independência de Kosovo, Tadic se comprometeu a "manter a Sérvia no caminho europeu", insistindo que o país não voltará à situação de pária internacional.
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