Otimismo exacerbado de políticos que figuram em posições não muito favoráveis em pesquisas de opinião é fato corriqueiro nas eleições. A melhora no quadro eleitoral é sempre vista e analisada de maneira positiva pelos candidatos que estão atrás nos levantamentos. Sem fugir à regra, os pleiteantes oposicionistas à Prefeitura de São Caetano, Horácio Neto (Psol) e Jayme Tortorello (PT), acreditam numa virada no jogo mesmo estando cerca de 70 pontos percentuais atrás do candidato à reeleição, José Auricchio Júnior (PTB).

Pesquisa Diário/Ibope divulgada dia 31 de agosto apontou vantagem expressiva de Auricchio, com 72% das intenções de voto, ante a 5% de Horácio Neto e 3% de Jayme Tortorello.

É árdua a missão do socialista e do petista para ultrapassarem o petebista e garantirem maioria mínima de votos. Hipoteticamente, se o segundo colocado disparar e o terceiro estagnar daqui até a eleição, dia 5 de outubro, o candidato precisará conquistar 40% de votos. Seriam 12% de indecisos apontados no levantamento, mais 28 pontos percentuais do eleitorado de Auricchio, que teria de ser transferido para o oposicionista. Assim, o placar ficaria 45% para o prefeiturável que ascendeu e 44% para o petebista.

Traduzindo para a realidade do número de eleitores da cidade - segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), São Caetano terá 97.274 pessoas aptas a votar -, significa dizer que Horácio Neto, o candidato mais próximo de Auricchio no momento, teria de conquistar 38.909 votos, em 27 dias. Seria necessário obter 1.441 votos por dia, ou 60 eleitores por hora, ou ainda um voto por minuto.

O socialista reconhece a dificuldade em atingir a marca, mas confia em sucesso no pleito. "Temos de continuar a fazer muita discussão política com a população e levar nossas idéias para o maior número de pessoas possível. Nossa campanha tem característica de ser forte na reta de chegada", enfatiza o candidato.

Sobre os números a serem atingidos, o prefeiturável observa que não conversa com 1.400 pessoas por dia, mas dialoga com formadores de opinião, que podem disseminar sua candidatura. "Temos 9% de intenção de voto da classe média-alta. Isso é favorável", avalia, ao ressaltar que continua "com agenda de campanha lotada, com cinco ou seis compromissos diários".

Horácio recorda viradas históricas para motivar a militância do Psol a continuar na busca por votos em São Caetano. A mais notória reação ocorreu em 1988, com Luiza Erundina (hoje deputada federal pelo PSB-SP). À época, Erundina não figurava entre os favoritos nas sondagens à Prefeitura de São Paulo e, contrariando previsões de pesquisas divulgadas antes das eleições daquele ano, ganhou o pleito.

Jayme Tortorello tem incumbência ainda mais complicada para sair vitorioso no dia 5 de outubro, pois tem apenas 3% das intenções de voto. Sem desanimar, o petista mantém discurso positivista. "Minha campanha vem crescendo. Chegaremos bem na eleição", prevê o candidato.