Economia Titulo Exportações
Alta do real ameaça pequeno exportador
28/08/2008 | 07:32
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Uma sondagem especial, divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), mostra que a valorização do real frente ao dólar provocou perda de mercado para as indústrias brasileiras.

Segundo o levantamento, duas em cada três empresas que concorrem com produtos importados perderam participação no mercado doméstico e metade das empresas exportadoras deixou de exportar ou perdeu participação no mercado internacional nos últimos 12 meses.

O levantamento informa que em quatro setores - têxteis, calçados, vestuário e equipamentos hospitalares e de precisão - a competição com produtos importados é mais intensa e levou 75% das empresas a perderem participação no mercado interno do País. O documento avalia ainda que, embora mais expostas à concorrência com produtos importados, as grandes empresas estão mais preparadas para enfrentar essa concorrência.

A sondagem revela que nove em cada 10 empresas adotaram alguma estratégia para aumentar a competitividade de seus produtos diante da concorrência dos produtos importados. Cinqüenta por cento delas reduziram os custos e 35% aumentaram o investimento em qualidade e design do produto.

A pesquisa conclui que as empresas de médio porte são as que apresentam maiores registros de interrupção das exportações em 2008 e queda na participação dos seus produtos lá fora. Em oito setores - móveis, têxteis, madeira, borracha, veículos automotores, minerais não-metálicos, máquinas e equipamentos e equipamentos hospitalares e de precisão - mais da metade das empresas teve perda de participação dos seus produtos no mercado internacional.

Por outro lado, alguns setores como limpeza e perfumaria, bebidas e papel e celulose aumentaram a participação nas vendas externas, mesmo com a valorização do real.

Médio porte - O economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, afirmou que o processo de valorização do real frente ao dólar ameaça o crescimento de empresas de pequeno e médio porte que atuam no mercado externo.

A pesquisa mostra que 46% das médias empresas diminuíram a sua participação no mercado externo nos últimos 12 meses e 6% pararam de exportar. Esse percentual é maior do que no segmento de pequenas ou grandes empresas.

Pelos dados da CNI, metade das empresas de médio porte é exportadora.

A sondagem industrial mostra que as empresas brasileiras estão mais dispostas a utilizar insumos importados como uma das estratégias para minorar os efeitos da perda de competitividade causada pelo câmbio.

Conforme a pesquisa, do universo de companhias que perderam participação no mercado doméstico, 12% passaram a utilizar insumos importados em 2007 ou 2008 e 17% não usam, mas pretendem passar a importar esses insumos.

Medidas do governo ainda não surtiram efeito no setor

O economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, destacou que os efeitos do câmbio não são iguais em todos os segmentos ou portes de empresa.

Segundo ele, as grandes companhias se posicionam mais fortemente no mercado e têm mais capacidade de reação. Para ele, as medidas adotadas pelo governo para ajudar os setores mais afetados pela valorização da moeda não tiveram uma intensidade suficiente para compensar a perda com o câmbio.

Castelo Branco disse ainda que as linhas de financiamento mais favoráveis para esses setores também têm sido pouco efetivas.

O economista disse ainda que as medidas para a desoneração tributária têm sido tímidas e que o maior problema ainda não foi atacado, que é a geração de crédito pela desoneração de ICMS das exportações.

As empresas não conseguem utilizar esse crédito e, por isso, estão limitando a quantidade exportada para não ficar com o ‘mico na mão'.




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