Economia Titulo Economia brasileira
Investimentos terão forte crescimento

Máquinas e equipamentos e construção civil devem impulsionar PIB (Produto Interno Bruto) no 2º trimestre

27/08/2008 | 07:23
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O início do ciclo de alta dos juros no segundo trimestre não impedirá que os investimentos mostrem nova aceleração nos resultados do PIB (Produto Interno Bruto) do período, impulsionados pela importação e produção de máquinas e equipamentos e pela expansão da construção civil.

Para economistas, a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo)manterá, pelo menos em médio prazo, crescimento bem acima do PIB e do consumo, o que garante mais oferta para atender à demanda e, assim, menor pressão sobre os índices inflacionários.

O IBGE divulgará os dados do PIB do segundo trimestre e os resultados fechados do primeiro semestre de 2008 no dia 10 de setembro. Na ponta do lápis do economista Bráulio Borges, da LCA, o crescimento da FBCF será recorde na série trimestral do IBGE, atingindo 18% no segundo trimestre ante igual período do ano passado.

Caso seja confirmada, a expansão representará um ganho de ritmo significativo ante o resultado do primeiro trimestre (quando a FBCF aumentou 15,2% ante igual período de 2007).

Também otimista, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, projeta um crescimento de 16,6% na FBCF no segundo trimestre. Já o consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-diretor de política econômica do Ministério da Fazenda, Julio Sérgio Gomes de Almeida, projeta um aumento no mesmo ritmo do primeiro trimestre, ou seja, em torno de 15%.

Em todas as projeções, o ponto em comum é que os investimentos devem crescer o triplo do PIB no período - cujas estimativas giram em torno de 5,3%. Bráulio Borges acredita que a grande novidade dos resultados da FBCF no segundo trimestre será a aceleração na expansão da construção civil que, segundo ele avalia, terá um aumento de 10,1% no PIB, ante uma alta de 8,8% no primeiro trimestre. Ele explica que o setor está sendo impulsionado especialmente por obras privadas de infra-estrutura.

A FBCF é composta pelos resultados de importação e exportação de máquinas e equipamentos e pelo desempenho da construção civil. Se confirmada, a expansão da construção civil no PIB do segundo trimestre será a maior desde o segundo trimestre de 2004, mas Borges lembra que, naquele momento, ao contrário do que ocorre atualmente, a base de comparação era muito baixa.

A perspectiva de expansão da construção civil também é destacada por Sérgio Vale, que projeta um aumento de 10% no segundo trimestre, levando a uma aceleração no resultado da FBCF. Segundo ele, a expansão na construção está relacionada "com as perspectivas positivas de longo prazo da economia brasileira".

Gomes de Almeida aponta a demanda aquecida e o crescimento econômico como os fatores que garantem um forte crescimento dos investimentos, apesar da alta nos juros. Segundo ele, as empresas não mudam planos de investimento facilmente e, portanto, os efeitos na alta da Selic só devem chegar a partir dos dados do terceiro trimestre.

"Os investimentos estão respondendo ao crescimento da economia e à demanda forte do final do ano passado e do primeiro trimestre", disse. Para Gomes de Almeida, o cenário para os investimentos torna-se ainda mais positivo porque eles ocorrem de forma generalizada. "É um sintoma de que empresas de todos os portes estão investindo", acredita.

Perspectiva - Os economistas avaliam, com unanimidade, que haverá uma perda de ritmo no crescimento dos investimentos a partir do segundo semestre. No entanto, estão certos que a expansão da FBCF continuará forte e bem acima do PIB, garantindo a continuidade no aumento do PIB potencial do País.

Bráulio Borges acredita que a Formação Bruta crescerá 12,9% no total de 2008, variação muito próxima dos 13,4% apurados no ano passado. A expansão estará assegurada, apesar da desaceleração prevista para os próximos meses, porque os investimentos em infra-estrutura devem permanecer elevados, apesar de alguns adiamentos de projetos de pequenos e médios empresários. "A infra-estrutura vai passar ao largo (dessa perda de ritmo)", disse.

Borges avalia que os investimentos privados em infra-estrutura - ele cita energia elétrica, saneamento e concessões rodoviárias - refletem a estabilidade econômica, já que os empresários avaliam um horizonte entre 5 e 10 anos a frente para definir os investimentos.

"Por isso os investimentos em infra-estrutura não devem sofrer com o aperto monetário, devem ser um componente autônomo da FBCF", disse. O argumento é que, como o ciclo de alta de juros é passageiro, não assusta os que tomam decisões focadas no longo prazo.




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