O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse sexta-feira, que os emergentes poderão manter um padrão de crescimento bom, mesmo com desaceleração econômica mais acentuada nos Estados Unidos e na Europa. "Os países como o Brasil, com mercado interno robusto, podem até compensar alguns problemas de queda do mercado internacional com a demanda doméstica. Esta é uma vantagem que nós temos. Diria que essa crise é grave, mas não afeta igualmente a todos os países. E o Brasil é um dos países que têm melhores condições de passar por esta crise com poucas conseqüências", disse o ministro.

Segundo Mantega, no entanto, não significa dizer que os emergentes estão descolados da crise nos EUA. "É uma crise mundial. Não há total descolamento. Sempre há algum contágio. Se a demanda do G-8 mais Japão vier abaixo, isso vai nos afetar. No mínimo os preços das commodities vão cair. Mas não acredito em déficit comercial", disse.

Taxa de juros - Mantega rebateu a afirmação de que a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) não tem mais razão de existir, feita hoje pelo diretor do Centro de Desenvolvimento Internacional da Kennedy School of Government, da Harvard University, Ricardo Hausmann.

A taxa é usada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para fomentar o setor produtivo no Brasil. "Não concordo que a taxa tenha que deixar de existir. Já administrei esses números como presidente do BNDES (2004-2006) e tenho que ser coerente. Ela só não terá mais razão de existir quando a Selic estiver num patamar parecido com o da TJLP. Na verdade deveria haver uma convergência de taxas: Selic menor, TJLP maior, para o crédito da economia ficar mais barato", disse o ministro.

Segundo Mantega, a criação da TJLP foi uma necessidade em momento em que o País convivia com taxa de juros muito elevada para investimento. "Hoje essa TJLP e mais os R$ 80 bilhões que o BNDES está liberando só este ano estão contribuindo para o aumento do investimento e Formação Bruta de Capital Fixo no País", afirmou Mantega.

"Quando a Selic estiver baixando - e ela vai baixar no futuro, mas não agora, é bom deixar claro - a gente poderá ter quase uma equiparação (com a TJLP) e isso será a glória. Aí talvez a TJLP não seja mais necessária", concluiu.