Cultura & Lazer Titulo Dança
Ivaldo Bertazzo estréia balé para voyeurs
23/08/2008 | 07:03
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O que ele mais deseja é que a platéia se deixe levar por um sonho, que tem por cenário um conturbado cais cheio de trabalhadores, prostitutas e grã-finos, que se misturam aos contêineres e estofados surrados, à espera do longo apito que fará o transatlântico partir. O rumo da viagem e o que faz cada um desses personagens ali são incertos. Em fragmentos de histórias, compartilhamos os amores, os desentendimentos, os anseios e as loucuras daqueles indivíduos que, à primeira vista, podem causar certa estranheza - sentimento que não demora para se dissipar com o auxílio de toda a musicalidade embutida, que vai de Kurt Weill a Secos e Molhados, e ainda estoura borbulhas de amor provocadas por Fagner.

O sonhador que criou todo esse mundo e que a partir deste domingo vai dividi-lo com o público é o diretor e coreógrafo Ivaldo Bertazzo. "É um espetáculo audacioso, em que os atores cantam, dançam, contam anedotas e mantêm uma relação frontal com o público, a mesma que Grande Otelo eternizou", define.

Noé Noé! Deu a Louca no Convés tem roteiro de Adriana Falcão e Nelson Caldas e conta com a participação da soprano Céline Imbert, que se diz muito feliz com a oportunidade de atuar num métier até então incomum para ela. "Comecei num grupo de rock, cantando três vezes por semana no Bexiga. Mas a vida acabou me chamando para a ópera. Agora estou resgatando uma parte adormecida: uma nova atitude, totalmente diferente do canto lírico, com a perspectiva de ser um trabalho que deve provocar uma modificação na sociedade", diz.

A bailarina indiana Kanchan Maradan, os atores/cantores/dançarinos Ricardo Graça Mello (filho de Marília Pêra), Edgar Bustamante, Ciça Meirelles e o Grupo Namakaca completam o elenco de convidados que, junto com a Cia. TeatroDança Ivaldo Bertazzo, vão preencher o "esqueleto de um teatro musical" montado no Tuca (Teatro da Universidade Católica, tel.: 3670-8453). Foram retiradas as primeiras 260 cadeiras para que, assim, o palco se prolongasse; nas laterais, estreitos platôs com escadas expõem o que poderíamos chamar de coxias.

A platéia não só vai espiar toda e qualquer movimentação dos atores e bailarinos, como também será parte integrante importante do espetáculo: algumas pessoas serão direcionadas para uma arquibancada montada em cena. "Nesse espírito de Olimpíada, estamos até pensando se eles vão acender umas lâmpadas do lado de lá", brinca o diretor, cuja ambição quer ainda alcançar um show de variedades, que tenha a duração de cinco horas.




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