A MRS Logística, que opera o transporte ferroviário de carga na região, colocou ontem em operações novas locomotivas do sistema de cremalheira, que liga a Vila de Paranapiacaba, em Santo André, até o Porto de Santos. Com investimento de R$ 140 milhões, a companhia adquiriu sete veículos da fabricante suíça Stadler e também reformou a cremalheira, que consiste de um trilho adicional dentado implantado na via férrea e colocado em conjunto com uma engrenagem e que serve para os trens vencerem terrenos íngremes. Nesse caso, o trajeto é de dez quilômetros em que os trens sobem 1.000 metros de altitude.

Com a modernização, a MRS está aposentando as locomotivas velhas (com cerca de 40 anos), da marca Hitashi, que até agora faziam o trajeto. Os novos veículos Stadler, de última geração, permitirão quadruplicar a capacidade de transporte nesse trecho: das atuais 7 milhões para 28 milhões de toneladas anuais. Isso possibilitará ampliar o leque de clientes atendidos. Atualmente, grande parte (5 milhões de toneladas anuais) do que a empresa transporta pela Serra é destinada à Cosipa. O potencial é grande, segundo o presidente da MRS, Eduardo Parente, já que, hoje, apenas 2% dos contêineres que chegam a Santos são transportados por trem.

O início das operações das novas locomotivas é considerado pela companhia o primeiro passo para eliminar gargalos no acesso ferroviário ao Porto de Santos e também para desafogar as rodovias. Estima-se que esses veículos podem retirar das estradas que vão a Santos 2.000 caminhões por dia, que, se colocados em fila, ocupariam extensão de 30 quilômetros emitindo volume de CO2 equivalente ao produzido por 35 mil carros de passeio.

Depois dessa etapa de investimentos, a empresa planeja aportar de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões para levantar a catenaria (sistema de cabos que ligam a rede elétrica aos trens), o que permitiria levar um contêiner empilhado sobre outro - com isso, a capacidade poderá chegar a 50 milhões de toneladas. E, numa fase posterior, montar um sistema para aproveitar a energia gerada pela frenagem das locomotivas na descida, para ajudar a movimentar os trens na subida.

MALHA VIÁRIA - Presente ao evento de apresentação das novas locomotivas, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou que o plano da MRS está alinhado com o esforço do governo federal em reforçar a infraestrutura logística do País, em especial a ferroviária.

Até julho, devem sair os editais para a construção dos trechos Sul e Norte do Ferroanel, que vai circundar a Grande São Paulo.

TERMINAL - Santo André deve ganhar, no ano que vem, terminal de armazenagem de contêineres, a ser construído em parceria da MRS com a Contrail, em área próxima da ferrovia. A intenção da companhia é aproveitar o aumento de capacidade de transporte de carga, gerado com a modernização do sistema de cremalheira.

Para o prefeito Carlos Grana, isso será importante para colocar o município em um novo ciclo de desenvolvimento econômico. Com o terminal, empresas da região poderão despachar cargas por via férrea. Ele acrescenta que há galpões e áreas disponíveis ao longo da ferrovia que podem atrair o interesse de mais companhias pelo município.