Turismo Titulo Iporanga
Os segredos da
Capital das Cavernas

Cidade localizada a 330 quilômetros do Grande ABC revela
importante patrimônios históricos, místicos e culturais do Brasil

Aggnes Franco
Especial para o Diário
21/02/2013 | 07:33
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Quilombos, porto de canoas, casas em estilo colonial e um sino doado pelo então imperador D. Pedro I são algumas das riquezas reveladas pela cidade de Iporanga, que abraça o visitante com suas imensas montanhas verdes e rios cristalinos situados a 330 quilômetros do Grande ABC. Seus segredos são guardados dentro das mais de 400 cavernas da região, que tornam o lugar um dos mais importantes do mundo em termos de formação espeleológica. O Ribeira de Iguape, último gigante navegável ainda não represado no Estado, margeia o município, deixando a paisagem deste pequeno e inesquecível paraíso ainda mais deslumbrante.

ONTEM

"Garimpo de Santo Antônio" era o nome do vilarejo que hoje abriga o Bairro do Ribeirão, uma das comunidades remanescentes da cidadezinha que teve seu processo de colonização iniciado 76 anos após a descoberta do Brasil. Antes disso, já havia diversas rotas de tropeiros em meio à floresta. Os donos da terra eram os tupis-guaranis. Com a chegada dos portugueses, e de alguns holandeses, os índios pouco a pouco foram se misturando aos europeus e escravos que os acompanhavam. A região atraía pela grande quantidade de ouro. Pesquisadores afirmam que a proporção do metal precioso no Vale do Ribeira era de até 14 gramas por tonelada - para fins comparativos, o famoso garimpo de Serra Pelada, no Pará, tinha sete gramas por tonelada durante sua fase áurea, na década de 1980. Diversos escravos foram enviados para garimpar e, posteriormente, plantar cana-de-açúcar, milho, arroz, banana e mandioca. Assim foi fundado o vilarejo.

Em 1830 a cidade foi finalmente demarcada. A agricultura não era favorecida pelo terreno com montanhas, que chegam a 1.000 metros de altura, e os investimentos foram diminuindo. O ouro acabou - se é que existiu na quantidade citada algum dia - deixando como herança diversos quilombos e um povo vivendo da agricultura familiar e do extrativismo. Caça, pesca e plantio eram os pilares de sustentação da população, majoritariamente cabocla e cafuza.

No último século, as coisas mudaram. Em 1958 foi fundado o Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), que compreende 35,7 mil hectares de Mata Atlântica. Considerado Patrimônio da Humanidade e Área Piloto da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), compreende 70% do município de Iporanga. Para o meio ambiente, a ação foi gloriosa, mas para a população nem tanto.

A partir desta data os nativos foram impedidos de caçar e manter diversas plantações. A região, que já era pobre (uma vez que as riquezas eram destinadas aos colonizadores), entrou em processo de miséria. Toda a área do Vale do Ribeira passou a ser conhecida como Vale da Fome. "O governo resolveu proibir, mas não deu alternativa de sobrevivência à população. Por isso, a caça e a extração de palmito ilegais passaram a ser alternativas para fugir do desespero", afirma Reinaldo de Oliveira, descendente direto de nativos.

HOJE

Ainda há palmiteiros e caçadores ilegais, mas algumas coisas melhoraram para os moradores nos últimos 60 anos. Com a expansão do ecoturismo, a população encontrou uma alternativa de sobrevivência. Apesar de animais como bugio, onças e pacas já não serem tão numerosos, a natureza é magnânima. A cidade não tem estudos que indiquem a quantidade exata de visitantes por ano, mas estima-se que 15.000 amantes da natureza e de aventuras visitem a Capital das Cavernas todos os anos.

O ponto negativo são as plantações de pinus, árvore não nativa, extremamente prejudicial para regiões aquíferas. Além disso, a lentidão do governo na elaboração de um plano de manejo para o Petar prejudicou seriamente a população, que ainda enfrenta outro inimigo invisível: a tentativa de construção de duas usinas na região, Tijuco Alto e Batatais, o que causaria danos irreversíveis ao meio ambiente.

 

 




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