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Farmácia: pequeno varejo perde espaço
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
21/07/2008 | 07:46
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Segundo a Pesquisa Conjuntural do Pequeno Varejo, da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), o faturamento de farmácias e perfumarias contabilizou alta de 2% em maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. O varejista de musculatura menos desenvolvida, porém, não tem muito o que festejar: os pequenos comerciantes amargam perda acumulada de 1,4% nos primeiros 5 meses do ano.

Uma vez que, conforme a Fecomercio, a venda de remédios em termos gerais continua a crescer, as grandes redes vêm tomando espaço do comerciante de menor porte. "Há uma tendência aparente de o pequeno varejo não conseguir o mesmo desempenho do grande", avalia Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio.

Os pequenas têm dificuldade de competir com os grandes, porque as redes conseguem preços e condições de pagamento melhores junto aos fornecedores. Luiz Carlos Henrique, diretor da Assodfarma (Associação dos Proprietários de Drogarias e Farmácias do Grande ABC), confirma essa avaliação: "Existe uma atenção especial da indústria para as grandes redes e, principalmente, para os supermercados".

Para Henrique, o pequeno varejo falha na capacitação dos atendentes: "Temos de aprender a vender melhor". Ele reconhece que há queda no nível de emprego no segmento, mas "para quem não tem cultura". "Há demanda para profissionais com (boa) formação." Ele aposta no atendimento diferenciado como panacéia para o empresário de menor envergadura.

DETERIORAÇÃO - Na opinião de Pina, a concentração de mercado, que parece inevitável, provoca danos generalizados à sociedade. "A perda da fauna econômica, da diversidade, gera problema de emprego", aponta.

E os efeitos colaterais dessa tendência de mercado atingem tanto pequenos comerciantes quanto consumidores. "O pequeno empresário pode ter de vender o negócio, trocar de ramo. E há o risco de o consumidor, a longo prazo, ficar refém de poucas redes", afirma Pina.

Atendimento pessoal faz a diferença em farmácia de bairro

Encravada há 42 anos na esquina das ruas Dom José Gaspar e Aquidabam, em Mauá, a Drogaria Jairfarma é uma farmácia à antiga. Daquelas cujo dono conhece o nome do freguês, conversa com ele e anota seus gastos em fichas para o pagamento no fim do mês.

O proprietário do estabelecimento, o farmacêutico Jair de Oliveira, estabeleceu-se na Dom José Gaspar quando o local ainda era de terra. Viu o paralelepípedo substituir a terra e o asfalto aposentar o paralelepípedo. Atende três gerações. "Vi crianças se tornarem avós", conta.

Ele e a mulher, Francine, tomam conta da farmácia. Na década de 1980, havia até oito pessoas atrás do balcão, relata Oliveira. As coisas, porém, mudaram. "Tiraram o poder aquisitivo da população, e assim ficou difícil", afirma. Em média, mais de cem consumidores passam diariamente pela Jairfarma. Deixam no caixa, porém, quantias pequenas.

O farmacêutico confessa sentir a concorrência das grandes redes. "Mantenho o movimento, mas não é como antigamente", diz. "No entanto, o principal elas não têm, que é o atendimento." Ele se refere ao tratamento impessoal que o consumidor recebe.

Oliveira poderia contratar uma pessoa para agilizar o atendimento nos momentos em que uma fila começa a se formar. "Mas funcionário que trabalha por comissão empurra remédio (para o cliente), e não gosto disso", afirma. "O segredo está no trabalho honesto. Não se fica rico, mas também não se passa fome."




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