As vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), outra instituição revisa para cima a projeção para o rumo da Selic. Desta vez foi o Citibank Brasil, que substituiu a estimativa de alta de 0,5 ponto percentual pela de 0,75 pp na próxima semana.

No relatório de julho, a equipe do UBS Pactual também explicitou a mudança de posição nesse. Se a expectativa dessas instituições estiver correta, a Selic volta a 13% ao ano, nível verificado pela última vez em janeiro de 2007.

O economista-chefe do Citibank, Marcelo Kfoury, não descarta a possibilidade de mais instituições mudarem suas projeções até quarta-feira, quando a decisão do Copom será anunciada. "Isso pode acontecer se a Focus voltar a mostrar piora", afirmou.

Foram várias as razões que levaram à revisão da aposta do Citibank, segundo Kfoury. A primeira foi a deterioração das expectativas do mercado na pesquisa semanal Focus, do Banco Central, para a inflação de 2009. O documento mostrou que houve alta da mediana das projeções de 4,91% para 5% no período.

Essa piora manteve o juro real no nível de 8,7%. "Ou seja, mesmo a alta de 1 ponto-base da Selic desde abril (duas altas de 0,5 pp foram decididas pelo Copom no período) não surtiu efeito sobre o juro real."

Kfoury acredita que a própria projeção do BC para a inflação do próximo ano deve passar por alteração de 4,7%, indica o último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ao final de junho, para 5,1%.

O terceiro argumento é o de que as expectativas para a inflação devam atingir o teto do intervalo da meta de 6,5% - na última Focus, a mediana estava encostada nesse percentual, em 6,48%. Citou ainda que não há "indícios sólidos" de que a economia doméstica já passe por desaceleração e custo político para o BC de decidir por alta mais forte.