Pesquisa do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) com 156 companhias abertas indica que o atual ciclo de investimento está sendo realizado com baixo endividamento, segundo o conselheiro do Iedi e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

"As empresas têm grande capacidade de se endividar", afirmou Gomes de Almeida. "Está muito no início o nosso ciclo industrial", afirmou.

A pesquisa do Iedi - também apresentada por Gomes de Almeida ontem em seminário no BNDES sobre financiamento de longo prazo - com 46 grandes empresas abertas mostrou que 49% dos investimentos do grupo foram financiados por lucros retidos. No subgrupo da indústria sem Petrobras e sem a mineração, essa participação vai a 53%. "É um percentual de autofinanciamento muito forte", disse Gomes de Almeida.

Ele acredita que o grau de financiamento com recursos próprios das empresas vai diminuir. "Com o aumento de custo, a capacidade de autofinanciamento se reduz", disse. Gomes de Almeida mostrou que o BNDES é um financiador muito importante de longo prazo para as grandes empresas, mas disse também que há diversificação de fontes de recursos.

Também deu sua visão de que "as necessidades de financiamento devem ser maiores, dadas as características do ciclo de investimentos industriais da próxima década, se ele não for abortado."

Outro dado que chama a atenção nessa pesquisa é que os impostos representam 50% do valor adicionado gerado pelas 46 grandes companhias examinadas neste estudo. A outra metade é distribuída entre dividendos, trabalho, juros e lucros retidos.

A pesquisa com 156 companhias abertas mostrou que o aumento do lucro líquido entre março de 2007 e março de 2008 foi de 6%. No subgrupo de 106 empresas industriais pesquisadas, com exceção da Petrobras, porém, no mesmo período houve uma queda de 27% no lucro líquido. "Ou o aumento da inflação vai ser ainda mais alto ou as empresas este ano vão ter uma lucratividade menor", disse Gomes de Almeida.