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São Paulo tem 600 mil vigias clandestinos, aponta PF
23/06/2008 | 09:00
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No Estado de São Paulo, apenas nos bares, restaurantes, empresas e condomínios já são 139,8 mil vigilantes contratados para prevenir a criminalidade, número que supera a soma de policiais militares e civis em atividade, hoje em 120 mil. Segundo a PF (Polícia Federal), o contingente de vigias clandestinos em São Paulo chega a 600 mil pessoas que atuam sem treinamento. A brecha que permite a atuação dos clandestinos é justificada por dois fatores, segundo a PF: o mercado crescente e quantidade escassa de fiscais, responsabilidade da PF.

Nos últimos 20 dias, foram cadastrados no País 5 mil novos vigilantes, média de 250 por dia. Em contrapartida, o quadro nacional de fiscais permaneceu em 600 funcionários, que, além dos 436 mil seguranças privados no Brasil, precisam dar conta dos mais de 1,5 milhão irregulares. Entre os clandestinos, está a atuação de policiais militares e civis que fazem "bico". O duplo vínculo é proibido, segundo a PM.

No último dia 11, o metalúrgico Fabiano Rodrigues, 23 anos, foi espancado por dez rapazes diante de uma boate em Sorocaba. Imagens de circuito interno mostram que dois seguranças assistiram à cena. Um deles negou ter visto a agressão. O jovem está em coma. Cinco dias depois, o auxiliar administrativo Diego de Paula Leopoldo, 19, morreu espancado após ser retirado de festa junina na Portuguesa. A família acusa os seguranças.

O cientista social da USP, André Zanetic, especialista em segurança privada, observa que esses casos "podem ser reflexo da falta de formação específica" da segurança privada. "Por isso é importante ter fiscalização e treinamento", alertou. Jorge Lordello, que também é especialista em segurança, crê que, enquanto a fiscalização for insuficiente, mais pessoas despreparadas vão tomar a frente da vigilância privada.

O delegado da PF responsável pela coordenação de Controle de Segurança Privada no Brasil, Adelar Anderli, reconhece que o principal desafio é lidar com esse aumento. "Os seguranças na clandestinidade precisam ser controlados", afirmou. Segundo ele, a baixa remuneração é determinante. O salário de um cadastrado chega a R$ 1,5 mil; um clandestino faz "bicos" por até R$ 200 por mês.




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