Cultura & Lazer Titulo Fim dos Tempos
Shyamalan e sua verde vingança
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
13/06/2008 | 07:08
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Quer ver um filme neste fim de semana? Escolha entre as opções em cartaz. Quer evitar constranger seu (sua) convidado (a)? Evite Fim dos Tempos. Mas vá se você for fã incondicional do diretor M. Night Shyamalan, capaz do soberbo O Sexto Sentido e da discrepância A Dama na Água.

Shyamalan é autor nato, e isso não é ruim. Entre o que aparenta ser erro e o que necessariamente não precisa ser virtude, ele imprime sua estética própria, ousando uma linguagem particular. Mas ousadia tem preço. A Vila, por exemplo. Há quem adore e odeie.
Mas piores emendas são suas explicações sobre o que produz. O suspense Fim dos Tempos (The Happening, em inglês, ou ‘o acontecimento') seria "um filme B divertido". De fato, lembra o terror dos anos 1950, mas cenas supostamente terríveis estão entre o grotesco e o tragicômico. Shyamalan poderia se limitar a dizer simplesmente que sua viagem ególatra é maior do que a humildade de admitir que erra a mão de vez em quando.

Vamos ao filme. Numa manhã qualquer, pessoas na costa Leste dos Estados Unidos perdem o sentido de auto-preservação e se agridem até a morte. Ninguém sabe o porquê e a paranóia que se instala culpa os terroristas e uma possível toxina. A provável explicação é a mensagem do diretor. Uma reação da natureza contra a humanidade, que perdeu o senso de preservação da vida. Seriam os humanos pragas no ecossistema, que revida.

A pista está no início do filme, quando um professor de ciências (Mark Wahlberg, insosso até a raiz) cita Albert Einstein: "Sem abelhas, o homem durará quatro anos na Terra". Tradução: tudo está ligado. Sem abelhas não haverá polinização, nem plantas, nem animais, nem humanos.

O cineasta põe pessoas comuns (entre elas, Zooey Deschanel) em situações incomuns, marca herdada de Alfred Hitchcock. Mas peca na execução. Pouca coisa acontece, e a explicação científica para o acontecimento em si é quase uma apologia ao cinema de Shyamalan: não há explicação provável.




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