Política Titulo Mauá
Odebrecht assume Ecosama em julho

Diretor da empresa diz que em cinco anos serão investidos R$ 60 milhões; haverá contratações

Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
31/05/2008 | 08:18
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A Odebrecht assume oficialmente a Ecosama (Empresa Concessionária de Saneamento de Mauá) em julho. A revelação foi feita nesta sexta-feira pelo diretor de investimentos da Odebrecht Engenharia Ambiental - responsável pelo gerenciamento da concessão -, Renato Medeiros.

Segundo ele, o contrato com o empresário Zuleido Veras - dono da Ecosama, acusado pela Polícia Federal de liderar esquema de fraudes em licitações em vários Estados - será assinado em, no máximo, 15 dias. "Precisamos, antes, do aval da Caixa Econômica Federal, já que as ações da empresa foram dadas como garantia aos financiamentos bancários realizados."

A empresa negocia a aquisição há cerca de seis meses. A transação vinha sendo mantida sob sigilo, mas foi revelada com exclusividade pelo Diário em 15 de novembro.

Nesta sexta-feira, Medeiros reafirmou que o valor da compra ficou em torno de R$ 20 milhões e que a empresa gastará R$ 100 milhões em investimentos no saneamento de Mauá. "Nos primeiros cinco anos, investiremos R$ 60 milhões no município", garantiu. A maior parte - R$ 40 milhões - será destinada para a construção da estação de tratamento, que permitirá a venda da água de reúso. No ano passado, o diretor-geral da Ecosama, Dagoberto Antunes da Rocha, disse que a estação não foi construída porque as empresas do Pólo Petroquímico de Mauá não estariam mais interessadas na aquisição do produto. Mas, recentemente, elas assinaram contrato para a compra da água diretamente da Sabesp. Para Medeiros, isso não inviabiliza um novo acordo com a Ecosama.

Por conta disso, ele acredita que será necessário aumentar pelo menos 40% o atual efetivo da empresa, de cerca de 160 funcionários. Apesar das tratativas com a Ecosama terem sido iniciadas no ano passado, apenas em abril a Odebrecht enviou o pedido de anuência. "Precisamos providenciar uma série de documentos. Isso demanda um certo tempo. Mas sabíamos que precisávamos deste aval."

A verba de R$ 13,1 milhões proveniente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o saneamento de Mauá não será gerenciada pela empresa, segundo Medeiros.

Sem aumento - O diretor garantiu que o alto volume de investimento não será repassado nas contas de água e esgoto à população de Mauá. "Isso não será feito. Os aumentos anuais são atrelados à inflação e não aos investimentos. Não haverá reajuste por conta de nossa entrada", garantiu.

Para Medeiros, o envolvimento de Zuleido no escândalo - que chegou a ficar preso na sede da PF, em Brasília, por conta da Operação Navalha -, não pesou na hora de fechar o negócio. "Nosso interesse foi apenas pela empresa. Entendemos que a Ecosama é viável economicamente, o que nos interessou."

O diretor afirmou que Dagoberto - que foi contratado por Zuleido - permanecerá à frente da companhia. "Ele faz um ótimo trabalho. Nesse período em que estamos convivendo, só aumentamos a convicção de que a empresa é bem operada", afirmou.

O contrato, de 30 anos e no valor de R$ 1,6 bilhão, foi assinado em 10 de janeiro de 2003 por Zuleido e pelo então prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT).




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