Quando se fala em modelos esportivos, pensamos em marcas que provocam a curiosidade de qualquer mortal. Mas quando atrelamos o prefixo ‘super' à palavra esportivo, o mundo se restringe a um exclusivo grupo de mitos que despertam os desejos mais profundos. Neste grupo, no qual circulam Ferrari, Porsche e Maserati, há também a Lamborghini.

A reportagem do Diário andou em um dos modelos consagrados da marca italiana fundada em 1963 por Ferruccio Lamborghini (1916-1993), derivada, por mais estranho que possa parecer, de uma fábrica de tratores.

Segundo a história, Lamborghini foi reclamar com Enzo Ferrari que a embreagem de sua Ferrari 250GT era de baixa qualidade. Enzo o expulsou da fábrica dizendo que ele não sabia dirigir carros e devia se ater aos tratores. Insatisfeito, ele voltou à sua fábrica, desmontou a embreagem de sua Ferrari e descobriu que ela era do mesmo fabricante que fornecia a embreagem de seus tratores. Depois de consertar o carro, percebeu que também poderia fazer esportivos.

NA PISTA
O modelo no qual demos uma volta no banco do passageiro foi um Gallardo SE (Special Edition), que teve apenas 250 unidades produzidas. Esse era a unidade de número 230. Equipado com um motor V10 de 520 cv de potência a 8.000 rpm, vai de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos. Sua velocidade também exprime o verdadeiro espírito do ‘touro' (símbolo da montadora): 315 km/h. O preço disso tudo? Algo em torno de R$ 1,2 milhão.

Na pista de Interlagos, o superesportivo justifica a fama. E quem nos conduziu foi ninguém menos do que Sérgio Jimenez, de 24 anos, que participou de algumas das principais categorias do automobilismo mundial, como GP2 e A1GP, e que disputou corridas ao lado de Lewis Hamilton, Robert Kubica e Nico Rosberg - todos promessas da Fórmula 1.

Entrar no Lamborghini foi a primeira tarefa inusitada. Devido à sua carroceria extremamente baixa - característica dos modelos de alto desempenho -, a primeira impressão é de que vamos sentar no chão. Ideal para apenas duas pessoas, o espaço do italiano é agradável, apesar de o requinte estar bem distante do de um Bentley ou Jaguar.
O próximo passo então era escutar o rugido do motor V10. E como ele fala alto! Para quem é aficionado por carros, o ronco remete a uma orquestra afinadíssima.

Antes de acelerar fundo, Jimenez comenta: "Este carro é incrivelmente potente, com um poder de aceleração e frenagem absurdo. Mas tenho apenas uma queixa a fazer: as trocas de marcha (feitas de forma manual por aletas localizadas atrás do volante) dão um tranco muito forte, o que incomoda na condução."

Tanto na freada da curva do lago, logo após a reta oposta, quanto na entrada do ‘S' do Senna, imediatamente após a reta dos boxes, o Lamborghini (sempre com velocidades superiores a 200 km/h) freava depois da marca dos 100 metros e nos deixava presos ao cinto de segurança.

De acordo com Jimenez, ao cruzarmos a linha de chegada, estávamos a uma velocidade superior a 250 km/h - algo imperceptível dentro do carro.

Na parte mista do autódromo, o Gallardo SE mostrou muita estabilidade, principalmente graças à tração integral nas quatro rodas.

Tanto nas curvas do Bico de Pato como no Laranjinha, que exigem perícia do piloto e um carro ajustado para que não ocorra um acidente, o superesportivo italiano esteve pregado ao asfalto, transmitindo total segurança.

Lotus Elise mostra agilidade

A aventura em alta velocidade não se resumiu ao Lamborghini Gallardo SE. A reportagem teve a oportunidade, e por que não dizer, o prazer de andar em mais um esportivo com espírito guerreiro: o Lotus Elise (preço varia entre R$ 265 mil e R$ 315 mil, dependendo da versão).

O modelo produzido nos Estados Unidos é interessante, apesar de não figurar na galeria dos grandes esportivos.

Com transmissão e propulsor Toyota 1.8 preparados pela Lotus, o Elise desenvolve ‘econômicos' 202 cv de potência. No entanto, em virtude do seu peso inferior a 900 kg e de seu escapamento especial, com estágio duplo, o modelo se mostrou bastante espertinho pelas retas e curvas do autódromo de Interlagos.

O ‘bólido' laranja vai da imobilidade aos 100 km/h em apenas 4,2 segundos e alcança a velocidade máxima de 248 km/h.

"Este modelo não chega a ser tão robusto e imponente quanto o Lamborghini, mas é muito esperto e ligeiro. Gostoso de dirigir", avaliou Sérgio Jimenez, piloto profissional que conduziu a reportagem do Diário por três voltas no autódromo paulistano.

Seu design não chega a empolgar. Suas linhas arredondadas não acompanham a evolução dos carros esportivos.

Internamente, o modelo também não exerce muito fascínio. Com acabamento simplório - comum em veículos deste segmento -, o destaque fica por conta da transmissão manual de seis velocidades.

O ronco do propulsor é interessante e agradável. Nas curvas, o Lotus é estável e muito bem comportado. Na reta dos boxes, o modelo alcançou a marca de 210 km/h.

A frenagem também é muito eficiente, mesmo não sendo percebida de forma tão violenta quanto a do modelo italiano.

INFORMAÇÕES:
Quatro Rodas Experience
Local: autódromo de Interlagos
Data: até 25 de maio, das 9h às 18h
Telefone: 3531-3090