A conta corrente do balanço de pagamentos, que registra todas as transações de comércio, serviços e rendas do Brasil com o Exterior, acumulou de janeiro a abril déficit de US$ 14,1 bilhões. Foi o pior resultado da história para o período.

O valor acumulado é maior que a previsão do BC de resultado negativo de US$ 12 bilhões para todo o ano de 2008. Apenas em abril, o indicador teve déficit de US$ 3,310 bilhões.

Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o quadro não é preocupante. O ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) será suficiente para cobrir a saída de dólares no ano, frisa. "A situação é tão confortável que até o capital estável, que é o IED, financia todo o déficit. No passado, nós tivemos de recorrer a outras fontes de financiamento para fechar o balanço", diz o economista.

Altamir lembrou que o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses somou US$ 14,655 bilhões, valor equivalente a 1,08% do PIB (Produto Interno Bruto). O saldo negativo do período foi maior desde agosto de 2002, quando ficou em US$ 15,321 bilhões. O IED, no mesmo período, somou US$ 37,219 bilhões, o equivalente a 2,75% do PIB.

Em abril, o País recebeu US$ 3,872 bilhões em investimentos diretos - recorde para o mês. De janeiro a abril, o IED atingiu a marca recorde para o período de US$ 12,671 bilhões.

O déficit cresce por causa do enfraquecimento da balança comercial e do aumento das remessas de lucros ao Exterior pelas empresas estrangeiras. Os dois movimentos estão relacionados à valorização do real, que desestimula exportações e favorece importações e remessas.

Para os próximos meses, Altamir espera que o déficit não mantenha o mesmo ritmo, por conta de um desempenho melhor do comércio exterior, com o fim da greve dos auditores fiscais.