Economia Titulo Orçamento doméstico
Empréstimo deixa só
69% da renda livre

Percentual é referente a 12 meses; no mês, parcelas
de crédito são responsáveis por até 20,61% do salário

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
15/02/2013 | 07:05
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O endividamento das famílias atingiu patamar semelhante ao visto há quase dois anos. Na média, os empréstimos geram dívidas iguais a 30,77% do orçamento acumulado nos últimos 12 meses. O resultado é referente a novembro, mais recente publicado pelo BC (Banco Central), e é o mais baixo desde janeiro de 2011, quando estava em 30,61%. Ao mesmo tempo, 19,96% da renda mensal estavam comprometidos com a liquidação de parcelas de crédito, menor registro desde maior de 2011, quando atingiu 18,92%.

Apesar da inferioridade em relação aos meses anteriores, o endividamento ainda é uma barreira ao consumo. Isso porque o crédito deixou 69% dos últimos 12 salários para as demais despesas das famílias, sejam elas básicas, como alimentação e transportes, ou opcionais, como para comunicação e lazer.

Professor de Economia do Insper e sócio da Nogami Participações, Otto Nogami avaliou que o resultado de novembro, inferior aos meses anteriores, tem influência das contas do início do ano. "As famílias provisionam parte dos pagamentos para pagar IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e os materiais escolares, por exemplo."

Considerando também os financiamentos habitacionais, as dívidas com empréstimos representavam 44,55% dos salários das famílias acumulados em 12 meses. Já em relação à renda mensal, esse recorte, em novembro, demandava 21,26%.

Nogami destacou que a expectativa não é positiva. "A perspectiva é que o nível de endividamento apresente tendência de aumento. Só teremos sinais de tendência de recuo caso ocorram quedas nos próximos 12 meses."

Levantamento da Serasa Experian reforça a teoria de que o endividamento deve subir. Em novembro, a demanda do consumidor por crédito caiu 7,6%, o que pode ter contribuído para o resultado naquele mês. Porém, em dezembro a curva mudou e as famílias aumentaram em 0,3% o interesse por empréstimos e, no mês passado, em 2,2%. Os percentuais são mensurados com base no número de consultas do banco de dados de CPFs da empresa, portanto se referem à possibilidade de novas concessões.

O economista da Serasa Luiz Rabi disse que, provavelmente, o aumento das concessões terá reflexo no saldo de empréstimos, o que deve elevar a estatística de endividamento. "Mas se o comprometimento da renda mensal cair mais, será um resultado positivo. Isso porque o crédito no País está crescendo e o indivíduo está sofrendo menos para pagar suas dívidas", argumentou. Segundo o BC, novembro teve a quinta queda consecutiva no comprometimento da renda mensal com liquidação de empréstimos.

 

RECEITA

Na avaliação de Nogami, não há percentual ideal de endividamento com crédito. "O interessante é deixá-lo em zero", afirmou o professor. E enfatizou que o ideal é guardar dinheiro, cerca de 20% da renda mensal.




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