Política Titulo Sem tréguas
Diadema: oposição marca território na 1ª sessão

Movimento de moradia composto por diversos petistas
vaiou Lauro Michels, que discursou durante dez minutos

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
08/02/2013 | 07:24
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Tiago Silva/DGABC


A oposição deu o primeiro sinal claro de que não dará tréguas para o governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV). Ontem, na sessão inicial de 2013 da Câmara, movimento de moradia composto por diversos petistas vaiou o chefe do Executivo - que discursou durante cerca de dez minutos na Casa - e cobrou o pagamento de R$ 500 do bolsa aluguel.

Com palavras de ordem e cartazes em punho, os manifestantes ironizaram as críticas de Lauro à política financeira de seu antecessor Mário Reali (PT). Trajados com camisas do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) - entidade que trabalha em consonância com o PT -, eles gritavam "chorão" ao prefeito e cantaram marchinhas de Carnaval debochando do verde.

Lauro interrompeu o discurso por três vezes, aguardando a diminuição das vaias dos manifestantes. Sem se exaltar, disse estar disposto a conversar com todos os movimentos de moradia da cidade, reforçou a informação de ter herdado de Reali R$ 1,7 bilhão em passivos, voltou a falar em boicote às primeiras ações do governo verde e rebateu as críticas recebidas da plateia.

"Vocês não se manifestaram durante 30 anos e agora querem resultados em 30 dias. Quem esperou por 30 anos para ver atividades concretas pode esperar mais um pouquinho", afirmou o verde, que de imediato foi fortemente vaiado pelo público.

Em entrevista coletiva após o tumultuado discurso, Lauro chamou a manifestação de "orquestrada e arrumada" pelo PT. "Foi visível (a manipulação). Isso não me constrange nem me dá pavor", garantiu. "Engraçado que eles não fizeram essa manifestação no governo do meu antecessor", questionou, em seguida.

Pela lei encaminhada por Reali em dezembro, a Prefeitura ficou autorizada a pagar até R$ 500 de bolsa aluguel a moradores de áreas de risco. Em janeiro, a administração de Lauro depositou R$ 350 a cada um dos 1.300 beneficiários - mesmo valor pago pelo petista durante os quatro anos de sua administração.

Presidente do PT diademense, o vereador Josa Queiroz criticou a postura de Lauro. "É absurdo ele falar que (a manifestação) foi orquestrada. Ele é o prefeito, mas não deve saber que não existe terceiro turno."

 

MANOBRA

Segundo Lauro, a administração tem reavaliado o cadastro dos munícipes que recebem o auxílio-moradia dos cofres públicos porque há casos de uma mesma família ganhando até cinco bolsas. "Há abusos e estamos averiguando. Haverá recadastramento", afiançou.

O verde disse também haver estudo de viabilidade econômica no governo para aumentar ainda mais o valor pago aos moradores de área de risco. "Podemos até reajustar em 42%, pelos números iniciais."

 

Prefeito propõe TAC a Giriboni para equacionar dívida da Saned

O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), pediu ao secretário estadual de Recursos Hídricos, Edson Giriboni (PV), que negocie com a Sabesp a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para equacionar a dívida da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) com o governo do Estado. A Prefeitura estima passivo de quase R$ 1 bilhão com a estatal.

"Queremos pagar o que devemos, porque tem de ser pago, mas tem de caber no nosso bolso. Não adianta fazer acordo e não pagar nada", disse Lauro, logo após reunião com Giriboni e o diretor-presidente da Saned, Elbio Camillo Júnior, no gabinete do Parque do Paço. "A Prefeitura tem as melhores intenções (de renegociar a dívida com a Sabesp)."

Giriboni afirmou que o governo do Estado trata o assunto como "prioridade". "Vamos retomar a conversa com Sabesp. Precisamos chegar a um entendimento que seja bom para Diadema e bom para o governo estadual", avaliou o secretário, que se colocou como ponte para o diálogo entre o Executivo diademense e a presidente da Sabesp, Dilma Pena.

Em dezembro, Dilma Pena ingressou no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) com pedido de execução de parte do passivo que a Prefeitura possui com a autarquia estadual. A dívida protestada de R$ 432,8 milhões era referente à quebra de contrato por parte da administração municipal, em 1996, para criação da Saned. O governo diademense conquistou liminar impedindo a cobrança - que resultaria no esvaziamento total do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) deste ano.

A deputada estadual Regina Gonçalves (PV), que acompanhou a reunião de Giriboni e Lauro, garantiu que as discussões com a Sabesp serão retomadas partindo do ponto de debates sobre a criação da Caed (Companhia de Água e Esgoto de Diadema) - empresa de capital misto fruto da fusão de Sabesp e Saned, e que amortizaria 75% do passivo total. "Esse processo vem de algum tempo entre idas e vindas e isso é uma coisa que temos de considerar daqui para frente."

Na semana passada, Lauro solicitou o regresso do projeto de lei proposto pelo ex-prefeito Mário Reali (PT) de implementação da Caed. A justificativa do governo verde foi para melhor análise da propositura.

 

Verde sofre derrota na formação das principais comissões da Casa

As principais comissões da Câmara de Diadema terão comando de vereadores da oposição ao governo do prefeito Lauro Michels (PV). Os setores de Justiça e Redação e de Finanças e Orçamento serão presididos por Luiz Paulo Salgado (PR) e Josa Queiroz (PT), respectivamente. Os grupos são responsáveis por analisar todos os projetos que chegam ao Legislativo.

Além de serem administrados por parlamentares contrários ao governo verde, os departamentos também terão maioria de oposicionistas. Na comissão de Finanças e Orçamento, Luiz Paulo terá companhia do petista Orlando Vitoriano e de Cida Ferreira (PMDB) - a peemedebista está mais alinhada com o Executivo.

Já o setor de Finanças e Orçamento, além de Josa, terá as presenças do Pastor João Gomes (PRB) e do tucano José Dourado, que chegou a ser indicado por Lauro para se candidatar à presidência da Casa com apoio do governo.

Ontem, os vereadores também definiram a composição da comissão de Educação, Cultura, Esporte, Saúde e Assistência Social. O petista José Antônio da Silva será presidente, tendo apoio de Talabi Fahel (PR) e Albino Cardoso (PV) - ambos governistas.




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