Economia Titulo Previdência
Investir benefício é interessante para quem recebe o teto

Quem pretende se aposentar, aplicar o dinheiro e continuar trabalhando deve calcular bem as vantagens de uma vida de renda

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
18/09/2014 | 07:07
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Quem pretende se aposentar por tempo de contribuição, continuar trabalhando e investir o dinheiro do benefício deve fazer muito bem os cálculos. Essa opção é favorável apenas para aqueles que estão prestes a receber o benefício com o valor do teto, ou bem próximo disso, que hoje é de R$ 4.390,24. Abaixo disso, a alternativa só se tornaria viável caso a aplicação apresentasse rendimento real de 9%, ou seja, acima da inflação, o que, no total, ficaria entre 14% e 17%.

O consultor atuarial Newton Conde destacou que, em recente estudo que realizou, esse seria o percentual ideal. “E se você avaliar bem, hoje não há investimento com tal retorno. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário), por exemplo, fica perto de 10% ao ano. A poupança está bem abaixo (na casa dos 6,5% ao ano).” Mesmo o mercado de ações, historicamente, rende cerca de 7,8% ao ano.

Atualmente, o período mínimo para aposentadoria por tempo de contribuição é de 35 anos de recolhimento para homens e 30 anos para mulheres, conforme o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). No entanto, por causa do fator previdenciário, mesmo que o segurado atinja a exigência, sua aposentadoria pode ser achatada, em média, em 30%, podendo chegar a 50%.

O fator considera o número de pagamentos, a idade do contribuinte e a sua expectativa de vida, que é publicada anualmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na prática, quanto mais idade e tempo de contribuição, menor a expectativa de vida, e maior a chance de o benefício ser pago de acordo com o salário de contribuição. “Hoje, quem contribui pelo teto tem se aposentado com cerca de R$ 4.160”, observou Conde.

Apenas como exemplo, para que o fator seja superior a uma vez o salário de contribuição, ou seja, para que o segurado tenha chances de receber o valor de seu salário de contribuição, é preciso que ele tenha 35 anos de contribuição e 64 anos de idade, no caso de um homem – isso se ele se aposentar neste ano. O rendimento é calculado com base em 80% dos maiores salários de contribuição.

Em outra simulação, se uma mulher com 48 anos, idade mínima apresentada na tabela disponível no site da Previdência Social, quiser pedir o benefício, o fator teria multiplicador de 0,469, que, na teoria, geraria aposentadoria de R$ 2.059, considerando histórico de todas as contribuições pelo teto. Ou seja, o valor cairia pela metade.

A partir daí é necessário ter em mente duas situações. A primeira é que, quando a pessoa realmente deixar o emprego, teoricamente restarão apenas os rendimentos da aposentadoria e da aplicação financeira. E, neste caso, o valor acumulado do investimento, dividido pelos meses que ele supostamente ainda viverá, não serão compensadores caso o retorno não tenha sido de, no mínimo, 9% de ganho real.

A segunda, é que dificilmente as pessoas conseguem manter a disciplina financeira de aplicar a quantia integral da aposentadoria enquanto continuam trabalhando.

O advogado Thiago José Luchin Diniz Silva, da Aith, Badari e Luchin Sociedade de Advogados, observou que, infelizmente, o planejamento da aposentadoria é bem complicado. Na tentativa de ajudar o segurado a ter ideia de quanto receberá ao ‘pendurar as chuteiras’, o INSS mantém o site www8.dataprev.gov.br/e-aps/servico/243, que contém simulador de cálculo do benefício.
 




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