Economia Titulo Seu bolso
Item de Carnaval tem
até 81% de imposto

Este é o caso da cachaça; confetes, fantasias e nem
garrafa de água conseguem escapar das garras do Leão

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
01/02/2013 | 07:13
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A uma semana do início do Carnaval, os foliões já estão a postos para descansar, se divertir e consumir bastante nos quatro dias de feriado. Porém, nem durante a festa de Momo o contribuinte tem sossego, já que os produtos mais consumidos na data têm impostos que chegam a 81,8%. É o caso da cachaça, que se custar R$ 5, tem preço real de R$ 0,91 - os demais R$ 4,09 são tributos.

Quem quiser pular Carnaval fantasiado, mascarado, com colar havaiano e confete e serpentina em mãos pode preparar o bolso. Uma fantasia vendida por R$ 100, não fossem os impostos, que chegam a 36,41%, custaria R$ 63,59. A máscara de lantejoulas, em vez de R$ 4, sem a carga de 42,71% seria comercializada por R$ 2,29. Um colar de R$ 5, abatendo os tributos de 45,96%, custaria R$ 2,70. Confetes e serpentinas, sem a carga de 43,83%, seriam vendidos por R$ 1,69, em vez de R$ 3.

Os percentuais de impostos foram divulgados ontem pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e os preços são os estimados praticados pelo mercado.

"O consumidor pode fazer a Folia, mas quem fica mais alegre no Carnaval é o governo", afirma o economista chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo.

Quem quiser aproveitar o feriado para tomar uma cervejinha, vai desembolsar 55,60% com impostos, ou seja, de R$ 3 pagos em uma lata, R$ 1,67 vai para o Leão.

SUPÉRFLUO? - Solimeo explica que os produtos típicos da época são considerados pelo governo como supérfluos, por isso são mais tributados. "Porém, nem tudo o que é classificado assim realmente não é necessário. Um exemplo é o protetor solar, que em um país tropical como o Brasil é necessário", diz. Os impostos, porém, chegam a 49,08% do valor do produto. Ou seja, se ele custa R$ 30, na realidade, deveria ser vendido por R$ 15,27.

O que chama mais atenção é o tributo cobrado em uma garrafinha de água. Quem quiser se manter hidratado durante os dias de Folia deverá lembrar que, em cada R$ 2,50 pagos por unidade, 44,55% são impostos, ou seja, sem a carga seu preço real é de R$ 1,39. "Essa tributação é absurda. No Brasil, todos os produtos têm alta carga tributária, exceto alguns itens da cesta básica, como arroz e feijão", cita Solimeo. Ainda assim, a combinação básica do prato do brasileiro amarga carga de 17,24%.

O economista chefe explica que, por ser engarrafada, a água acaba sendo considerada produto industrializado. Quanto mais in natura for o item, menor a tributação incidente sobre ele.

DESFILE - Mesmo para prestigiar o desfile das escolas de samba o folião é penalizado com os impostos. Em um pacote com hospedagem, traslado ao sambódromo e ingresso que seja vendido por R$ 2.500, na realidade 36,28% correspondem a tributos. Sem a carga equivalente a R$ 907, a diversão estaria garantida por R$ 1.593.

 

Tributos serão discriminados na nota fiscal a partir de junho

A partir de junho, quando o consumidor solicitar a nota fiscal nos estabelecimentos, ele terá discriminado quanto do valor pago corresponde à incidência de impostos. A expectativa de entidades como IBPT e ACSP, após espera de cinco anos para que a Câmara dos Deputados aprovasse a proposta, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em dezembro, é que gradativamente a população comece a se conscientizar a respeito dos altos tributos cobrados sobre o consumo.

"Quem está isento do pagamento do Imposto de Renda na declaração acredita que não paga tributos, e ainda agradece pelos maus serviços prestados pelos governos. Com a discriminação na nota, vai se dar conta de que paga imposto sobre tudo o que compra", avalia o economista chefe da ACSP, Marcel Solimeo. "Então pode ser que essas pessoas comecem a cobrar melhores serviços e a redução da carga tributária, que hoje ultrapassa 35% do PIB (Produto Interno Bruto)."

 

 




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