Após enquadramento recebido pela direção estadual, o vereador Roberto Rautenberg (PTB), de Santo André, afirmou que acatará determinações partidárias, porém exigiu consulta sobre deliberações da bancada. Em tom misto de apaziguamento e cobrança, o petebista, de primeiro mandato, frisou que não engolirá goela abaixo imposições passivamente. "Dependerá da conversa entre os quatro (parlamentares). Se houver democracia, respeitarei o regimento (da legenda)."

Rautenberg sustentou que os petebistas "mudaram voto de última hora" para a eleição da presidência da Câmara, sem comunicá-lo da postura, aderindo ao bloco em torno do verde Donizeti Pereira, que saiu vitorioso por 11 votos a oito. "Não fui avisado que haviam alterado a estratégia, pois o Ailton (Lima, PTB) seria o candidato de consenso. Votaria com o grupo se fosse petebista. Faltou diálogo. Não é porque sou novo que entrarei num barco junto em qualquer situação. Tem de existir entendimento", frisou.

Contrariando a linha petebista no primeiro teste, o parlamentar aderiu de forma isolada à chapa governista, encabeçada por José Montoro Filho, o Montorinho (PT), para a chefia do Legislativo. O fato causou saia justa na sigla devido ao posicionamento independente de Rautenberg. A derrota do petista, entretanto, amenizou o impasse, sobrando somente puxada de orelha e repreensão para adotar postura em bloco nas votações daqui para frente.

Mesmo com a pressão imposta pela cúpula, o vereador descartou possibilidade de deixar as fileiras petebistas. Segundo Rautenberg, houve somente "desentendimento momentâneo" que não abalará sua estadia. "O PTB é a minha casa. Possuo ligação desde 2001, quando atuei no Detur (extinto Departamento de Esporte e Turismo, de São Caetano). Inclusive, ingressei em razão do prefeito (Luiz) Tortorello (morto em 2004)", disse, apesar de ter se filiado em 2011.

A postura ‘rebelde' de Rautenberg acarretou até em acusações dos colegas de bancada, sugerindo abertura de conselho de ética. Logo depois do problema interno, Dinah Zekcer, reeleita para presidir a comissão provisória do PTB, declarou que o debutante não teria direito a tomar decisões à revelia dos correligionários.

Os panos quentes no imbróglio ficarão, teoricamente, acertados com a realização de encontros mensais, todo dia 14, número de legenda do PTB. Para o parlamentar, essas reuniões servirão, de fato, para alinhar o posicionamento da bancada. "Não fui coagido. Tudo será decidido pelos quatro (vereadores) ou determinações do Campos (Machado, presidente estadual do partido) e da Dinah. Mas tenho direitos, por isso seguirei uma linha do que ficar convencionado."

Apesar de fazer as pazes, o petebista analisou que seu projeto "não será de oposição" ao governo Carlos Grana (PT) ao citar que manterá bandeira de direitos dos animais.

Líder do governo Grana ainda está em aberto no PT

O posto de líder do governo Carlos Grana (PT) na Câmara continua em aberto, mesmo faltando menos de uma semana para o início das sessões. Dentro das fileiras petistas não está descartada, inclusive, a chance de ser vereador novato no cargo de defensor da administração, o que desbancaria o experiente José Montoro Filho, o Montorinho (PT), no sétimo mandato.

"Nos reuniremos nos próximos dias para decidir com a bancada. Não está fechado (o nome)", disse o secretário de Gabinete, Tiago Nogueira (PT).

Para as pretensões do PT, ao menos nesse primeiro ano de mandato, seria necessário um petista para ocupar o espaço - a bancada é composta por cinco parlamentares, sendo que apenas Montorinho já ocupou cargo de vereador. "Mesmo novos (na Casa), todos têm a confiança do governo e condições de exercer o posto", sustentou Tiago, articulador entre Executivo e Câmara.

No dia 1º, Montorinho foi derrotado na eleição da presidência, desgastando toda a interlocução governista. O caso gerou incertezas quanto a real força feita para eleger o petista no comando. FM