Encontrar quem daria vida a Tainá novamente foi grande aventura. O preparador de elenco Claudio Barros ficou mais de dois anos procurando pela menina ideal. Com sua equipe, percorreu quatro Estados da Amazônia, visitou 22 aldeias indígenas e 72 cidades, vilas e lugarejos. Após cerca de 2.200 testes, selecionou dez candidatas.

Mas foi durante os 10° Jogos Indígenas, realizados na cidade de Paragominas, no Pará, que Claudio encontrou Wiranu, da etnia Tembé. Durante a apresentação da tribo, o preparador avistou a indiazinha agarrada à mãe. “A gente achou ela muito parecida com a Eunice (primeira Tainá). Por outro lado, a Wiranu tinha apenas 5 anos, e a personagem do roteiro (texto com trama e falas do filme) tinha 8.”

Após pedir autorização especial para se aproximar da tribo, Claudio conversou com o pai da menina, que permitiu fazer uma foto dela. Dias depois, após muito diálogo, ela foi levada junto da família para o treinamento de 35 dias num hotel floresta, em Belém. Lá as 11 garotas participaram de atividades para ver quem realmente seria a protagonista.

A inteligência e a esperteza de Wiranu surpreenderam os adultos. Ela tinha todas as qualidades para interpretar Tainá. Só existiam dois probleminhas: era mais nova do que a personagem da história e não sabia falar Português, somente o tupi. Na aldeia Takohaw, onde a indiazinha vive, as crianças têm aulas de Língua Portuguesa só a partir dos 7 anos!

Já ouviu a frase: “Para tudo se dá um jeito”? Pois foi o que aconteceu. Wiranu aprendeu o idioma em poucos dias. “O roteiro sofreu modificações radicais para poder tê-la como Tainá, e a gente não se arrependeu”, conta Claudio.

“Foi muito difícil porque tinha de colocar (as frases) na cabeça para falar”, diz Wiranu Tembé, hoje com 8 anos. Apesar dos desafios, a indiazinha enfrentou tudo com muita coragem e determinação, assim como a protagonista do filme.

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Aos 5 anos Wiranu já tinha importante responsabilidade na aldeia: subir no açaizeiro (atinge até 20 m de altura) e pegar as frutinhas. A habilidade virou cena do filme, em que Tainá busca alimento para Laurinha.

Para chegar à aldeia Tekohaw, onde Wiranu vive, é preciso viajar de Belém a Paragominas por cerca de cinco horas de carro. Depois, tem de andar em veículo 4x4 (que passa por buracos e lama com facilidade) por quatro horas até a aldeia Cajueiro. De lá são mais duas horas de barquinho pelo estreito Rio Gurupi até o lar da menina.