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Operação de 'carry trade' está mais arriscada
07/09/2014 | 08:42
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Na semana passada, o Banco Central Europeu anunciou sua nova taxa de juros: 0,05% ao ano. Ficou menor do que a do Japão que está em 0,1% ou que a dos Estados Unidos que é de 0,25%. Com esses juros todos perto de zero ao redor do mundo, os investidores destes países nem precisam ter euros ou ienes ou dólares para investir.

O crédito está tão barato que eles estão tomando empréstimos e usando esse dinheiro para fazer aplicações nos países que têm juros altos, em uma operação chamada de "carry trade". Ganham em um ano o que não ganhariam em cinco, sem precisar colocar a mão no bolso.

Foi assim que cerca de US$ 28 bilhões entraram no Brasil nos últimos 12 meses em busca dos juros de 11% ao ano pagos pelos títulos públicos brasileiros. Mas mesmo que os juros brasileiros permaneçam como estão, estas operações começam a ficar muito arriscadas pela probabilidade cada vez maior de o dólar se valorizar em relação à moeda brasileira.

Para que o "carry trade" seja lucrativo, é preciso ter um juro baixo no país de origem, um juro alto no país de destino e um dólar estável ou se desvalorizando. Neste momento, segundo Marco Freire, da gestora de recursos Franklin Templeton, está muito arriscado fazer este tipo de operação não só por causa do risco de o dólar se valorizar, mas também porque mundialmente a volatilidade dos ativos está muito baixa, no menor nível dos últimos 15 anos, o que indica, segundo ele, uma possível mudança de cenário mundial. Com ativos mais voláteis, essas operações podem causar grandes perdas.

Risco

Neste momento, no entanto, ainda há investidores interessados em fazer operação de "carry trade", segundo a percepção do superintendente de câmbio do Santander, Maurício Auger. Mas ele reforça o coro de que quem entra agora está se arriscando mais. Auger diz que em março deste ano, por exemplo, o estrangeiro que entrou no País tinha uma opção de taxa de juros de 13% ao ano em alguns títulos. Hoje ela caiu para 11%.

Além disso, o dólar era cotado a R$ 2,40 e caiu para R$ 2,24, segundo cotação de sexta-feira. Isso significa que esse investidor além de ganhar com os juros, ganhou com a valorização do real cerca de 6,5%. Ou seja, se tivesse aplicado US$ 1.000 aqui em março estaria levando embora hoje US$ 1.062 só por causa dessa diferença de câmbio.

De acordo com o diretor de renda fixa da Bradesco Securities, em Nova York, Shinichiro Fukui, os bancos centrais estão mantendo os juros exageradamente baixos e, surpreendentemente, caíram mais ainda nos últimos meses. Com isso, tem crescido a procura por títulos públicos brasileiros, mesmo com a perspectiva de que o dólar em algum momento suba.

O tipo de investidor varia muito. Pode ser pessoa física com excesso de caixa em países como o Japão, onde o juro é muito baixo, até grandes investidores institucionais e mesmo bancos. Eles, os investidores estrangeiros, estão atentos também aos resultados das eleições. Nos cenários traçados por consultorias e bancos, o dólar pode valer entre R$ 2,40 e R$ 2,60 até o fim do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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