Economia Titulo Mercado de trabalho
Serviços elevam
desemprego na região

Segmento que inclui atividades vinculadas à área
fabril fecha 31 mil postos de trabalho em um mês

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
28/08/2014 | 07:05
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Divulgação


Depois de forte movimento de eliminação de postos de trabalho pela indústria no início do ano, agora são atividades de serviços, muitas delas vinculadas ao setor industrial (por exemplo, manutenção predial, segurança e logística e armazenagem de produtos), que estão ajudando a elevar o desemprego no Grande ABC. Só no mês passado, essas áreas eliminaram 31 mil vagas, ou seja, mais de 1.000 por dia. É o que aponta pesquisa do Seade e do Dieese divulgada ontem.

Nesse estudo, o índice de pessoas sem emprego na região chegou a 10,6% da população economicamente ativa (ou seja, do total empregado ou em busca de ocupação) no Grande ABC. Em junho, esse indicador estava em 9,7%. E a alta na taxa ocorreu, em parte, pela eliminação de vagas no setor de serviços, que empregava 663 mil pessoas em junho e reduziu para 632 mil postos em julho.

A situação só não foi pior porque as fabricantes – que hoje contam com 309 mil trabalhadores na região –, registraram praticamente estabilidade na ocupação (abertura de 1.000 vagas no mês), e outras áreas (entre elas a construção civil) também criaram empregos. O comércio não eliminou, nem abriu vagas em julho, de acordo com a pesquisa.

O índice de desemprego, que ainda é o menor para julho desde o início da série histórica, em 1998, também só não cresceu mais porque houve, ao mesmo tempo, a saída de 17 mil pessoas do mercado de trabalho. Podem ser jovens que deixaram de procurar ocupação, porque perceberam que há dificuldades em se inserir profissionalmente, e passaram a depender da renda familiar, explica o economista Thomas Jensen, técnico da subseção do Dieese no Sindicato do Químicos do ABC.

Jensen cita ainda que a indústria se estabilizou em patamar inferior ao dos últimos dois anos (está hoje com total de 309 mil pessoas empregadas, 10 mil a menos que em julho de 2013), mas o segmento metalmecânico, no qual estão incluídas as montadoras e autopeças, segue em retração nos sete municípios. Só no mês passado, fechou 6.000 postos de trabalho e, em junho, já havia eliminado 12 mil. Em comparação com 12 meses antes, esse setor já cortou 17 mil empregos.

Os dados diferem dos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, que aponta que o setor industrial perdeu mais de 8.000 vagas formais (com carteira assinada registrada) neste ano e 13,5 mil em 12 meses no Grande ABC. Enquanto a pesquisa do Seade/Dieese é domiciliar (entrevista os moradores) e leva em conta não só formais, mas também informais e autônomos, a do governo se refere a informações de demissões e contratações passadas mensalmente pelas empresas.

TENDÊNCIA - Jensen afirma ainda que, tradicionalmente, o segundo semestre é mais favorável ao aumento das vagas. Isso, por exemplo, por causa da preparação de encomendas das fabricantes para atender o varejo no Natal e Ano-Novo. No entanto, ele lembra que a área automotiva passa por dificuldades por causa da demanda retraída – com abertura de PDVs (Planos de Demissão Voluntária) e lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) em montadoras da região.

RENDIMENTO - O estudo do Seade e do Dieese mostra ainda que o rendimento médio real (descontada a inflação) dos ocupados nos sete municípios passou a equivaler a R$ 1.952 em junho, 6% menos na comparação com o valor pago em maio, e 2% menor em relação a 12 meses antes. No caso da renda, há defasagem em relação ao dado da taxa de desemprego, pois os pesquisadores perguntam aos moradores quanto eles já efetivamente receberam no mês anterior.

O principal impacto de perda de rendimento se dá entre os assalariados, que observam queda de 8,2% em seu ganho em comparação com 12 meses antes. Isso pode ser explicado pelo fato de as fabricantes, que pagam salários maiores, terem fechado postos de trabalho nesse período. Só na área metalmecânica, foram cortados 17 mil empregos entre julho de 2013 e de 2014. Isso também influiu na queda de 7,1% da massa salarial (renda multiplicada pelo número de pessoas ocupadas) no período de 12 meses até junho.
 




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