Economia Titulo Balança comercial
Exportações da região
seguem em ritmo de queda

Vendas a outros países diminuem 19,7% no período
de janeiro a julho, na comparação com ano passado

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
26/08/2014 | 07:23
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André Henriques/DGABC


As exportações do Grande ABC mostraram, no mês passado, intensificação no ritmo de queda na comparação com números de 2013. De janeiro a julho, as empresas obtiveram US$ 3,05 bilhões em vendas ao Exterior, valor que é 19,7% menor do que os US$ 3,8 bilhões alcançados no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, o percentual de queda era de 18,2% frente aos resultados dos seis meses iniciais de 2013.

Os números, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, refletem as dificuldades das companhias da região em ampliar negócios no mercado externo. Contribuem para isso os problemas econômicos vividos pela Argentina, principal destino dos produtos dos sete municípios, e barreiras impostas pelo governo da presidente Cristina Kirchner à entrada de itens no país.

Segundo o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano William Pesinato, de um lado, há diminuição de compras de empresas de lá, por causa da crise naquele mercado e, de outro, falta confiança dos empresários brasileiros em relação a enviar produtos e não receber o pagamento por isso.

A Argentina representa atualmente 74% do total das vendas ao Exterior de empresas são-caetanenses, bem menos que os 82% registrados no mesmo período do ano passado. Isso porque, no caso do município, as encomendas para lá caíram pela metade (recuo de 52,8%).

Já em São Bernardo, principal polo exportador da região, o país vizinho participa com 43% da receita com encomendas ao mercado internacional. No ano passado, essa fatia era de 50%. A cidade teve retração de 30% na receita obtida com embarques para esse mercado, principalmente pela menor demanda por veículos e autopeças (itens que lideram a pauta de exportações do município).

CALOTE - Os representantes do empresariado da região ainda manifestam preocupação de que o calote ‘técnico’ da dívida pública argentina – a Justiça norte-americana bloqueou pagamento de US$ 539 milhões enquanto o governo da presidente Cristina não honrar dívidas com fundos especulativos – derrube ainda mais as vendas para o país vizinho.

O governo argentino enviou projeto de lei ao Congresso para pagar 100% de sua dívida aos credores em Buenos Aires (e não em Nova York) e, assim, contemplar o pagamento tanto para os 93% dos que aceitaram a reestruturação dos bônus, em 2005 e 2010, quanto aos outros 7% que não aceitaram. A expectativa é de que aprovação saia até dia 30 de setembro, quando vence mais uma parcela da dívida.

“Não tivemos ainda problemas de pagamento, mas a sensação é que (as vendas) vão cair”, disse o vice-diretor da regional do Ciesp de Diadema Anuar Decquech Júnior. Ele lembra que o prazo para receber dos hermanos, que era de 60 dias, desde o início do ano vem levando 120 dias.

Pesinato acrescenta que o cenário do comércio exterior não se resume às dificuldades com a Argentina. “Nosso problema é preço no Brasil”, disse. Ele cita que a alta carga tributária e custos, por exemplo, de mão de obra, atrapalham a competitividade no mercado externo.


Argentina dificulta entrada de produtos em seu mercado

O governo argentino tem criado barreiras para reduzir as importações. O objetivo, segundo especialistas, é ter mais superavit (exportações superiores às importações), para gerar maior entrada de moeda norte-americana para pagar os credores internacionais.

Recentemente, o país vizinho teria iniciado a cobrança de taxa para inspeção da madeira que serve para encaixotar ou armazenar (por meio de paletes) as mercadorias importadas nesse mercado. “Se não pagar a taxa, a mercadoria não é liberada, e isso acabou gerando alguns atrasos”, diz Bruno Branco, analista de exportação da empresa de despachos aduaneiros Tito.

Segundo ele, a questão não chega a impactar nos embarques e é algo simples de ser resolvido. A legislação brasileira já previa essa cobrança (taxa de fumegação da madeira, para evitar a entrada de cupim no País), mas isso não era habitual lá, explica o analista. Ele acrescenta que o país vizinho continua sendo o principal destino dos produtos da região. A companhia opera para empresas como a General Motors, Toyota e Solvay.
 




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