Morreu, na noite de domingo, de insuficiência cardíaca, Antônio Ermírio de Moraes, 86 anos, presidente de honra do Grupo Votorantim, e que era reconhecido como um dos mais importantes líderes empresariais do País.

Moraes, junto com sua família, figurou entre os 100 maiores bilionários do mundo no ano passado e como o terceiro mais rico do Brasil, segundo ranking da revista Forbes, com fortuna avaliada em US$ 12,7 bilhões, com destaque nos setores de cimento, papel, alumínio, zinco e níquel (entre outros). Mas não foi só isso: também se destacou por suas ações sociais e por presidir, ao longo de 40 anos, a diretoria-administrativa do Hospital Beneficência Portuguesa.

Nascido na Capital paulista em 1928, o empresário soube ampliar em muitas vezes o patrimônio do pai, o pernambucano José Ermírio de Moraes, que fundou o Grupo Votorantim, ao adquirir ações de uma empresa de tecelagem em Votorantim, no interior de São Paulo.

Depois de se formar em Engenharia Metalúrgica pela Colorado School of Mines, nos Estados Unidos, ele iniciou carreira no grupo em 1949, sendo o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955. A vida do empresário virou livro, em 2013 – a biografia Antônio Ermírio de Moraes: Memórias de um Diário Confidencial, escrita pelo sociólogo José Pastore. “No campo pessoal, a marca de Antônio Ermírio foi a simplicidade, sempre acompanhada da humildade e generosidade. Como investidor, ele pregava ser de responsabilidade dos empresários não apenas produzir e pagar impostos, mas também ajudar o próximo. E, para tanto, deu o exemplo ao longo dos seus 60 anos de trabalho”, disse Pastore, por meio de nota.

Presidente emérito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) desde 2005, o empresário, conhecido por seus ternos antigos e amarrotados e por trabalhar 12 horas por dia, também se dedicava a entidades como a Associação Cruz Verde de São Paulo e a Fundação Antônio Prudente, dentre outras organizações não governamentais.

Aventurou-se na política em 1986, concorrendo ao governo de São Paulo. Candidato pelo PTB, ele ficou em segundo lugar, atrás de Orestes Quércia (PMDB). Durante esse período, a frustração com o mundo da política o levou a escrever peças teatrais. Fez três: Brasil S.A., sobre o mercado financeiro; SOS Brasil, sobre a saúde no País; e Acorda Brasil, sobre educação; ganhando uma cadeira na Academia Paulista de Letras.

Industriais lamentam morte de empresário

Representantes do empresariado da região lamentaram a morte de Antônio Ermírio de Moraes. “O País perde um dos grandes exemplos de empreendedorismo e liderança, que à frente do Grupo Votorantim se destacou como exemplo de gestão, de ética e da defesa do papel social da iniciativa privada para a construção de um País melhor e mais justo”, disse o diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Hitoshi Hyodo.

“Ele era o mais empolgante empresário que eu já conheci, por sua dedicação ao trabalho, por sua coragem como empreendedor e por sua bondade, nas instituições em que atuou”, afirmou o diretor da regional do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva. “É uma grande perda para o meio empresarial, ele era um empreendedor que acreditava no Brasil”, destacou o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto.

POLÍTICOS - “Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes. Líder nato, Antônio Ermírio sempre acreditou no desenvolvimento do Brasil. Aos familiares e amigos, meus sentimentos por esta perda”, comunicou Dilma, por nota.

O governador de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmin, esteve ontem no velório de Antônio Ermírio de Moraes, e também lamentou a morte do empresário. “Foi uma grande perda. Ele era um dos grandes brasileiros, apaixonado pelo Brasil”, disse. (com Estadão Conteúdo)