Economia Titulo Demissão
Indústria na região
fecha 10.450 postos

Resultado de 2012 se assemelha ao de 2009, quando crise
financeira internacional levou à extinção 10,5 mil empregos

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
23/01/2013 | 07:00
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Os empregos nas indústrias instaladas no Grande ABC despencaram no ano passado. Foram fechados 10.450 postos de trabalho - praticamente o mesmo volume de demitidos de 2009 (-10,5 mil vagas), quando o País enfrentava a crise financeira internacional. Apenas em dezembro do ano passado foram desligados 2.200 trabalhadores em fábricas das sete cidades.

Para se ter ideia do cenário ruim, o saldo de vagas (as demissões subtraídas das contratações) em 2011 fechou a conta no positivo, com a geração de 2.700 oportunidades.

Os dados integram a pesquisa de emprego na indústria, com abrangência estadual, desenvolvida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Na avaliação do diretor regional do Ciesp de Diadema,Donizete Duarte da Silva, não adianta o governo estimular apenas o consumo para fortalecer a economia - no último ano o governo adotou incentivos econômicos, como redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), para estimular a venda de carros, linha branca, móveis, entre outros produtos. "É preciso fomentar a compra de itens nacionais, aquilo que produzimos. Hoje, não conseguimos competir com as indústrias de fora. A disputa é desleal."

O cenário fica ainda mais difícil com a elevada carga tributária e valorização do real frente ao dólar. Dessa forma, a concorrência com mercadorias do Exterior, particularmente chinesas, ficou impraticável. Micro e pequenas indústrias, especialmente aquelas que atuam no setor automotivo, como é caso das autopeças, são as mais afetadas. "E gasto com mão de obra e com direitos trabalhistas no Brasil é maior que nos outros países."

Segundo o dirigente, no início de 2012 a indústria respondia por 14% da participação do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, de toda a riqueza produzida no País. No fim do ano, estima-se que o índice tenha caído para 12%. "Isso chama-se recessão. Estamos vivendo a desindustrialização."

No ano passado, o governo chegou a elevar o Imposto de Importação de alguns produtos para incentivar a produção local. Além disso, dentro do regime automotivo só terão incentivos fiscais montadoras que adquirirem conteúdo nacional. Para o diretor adjunto do Ciep de São Caetano, Willian Pesinato, a medida ainda não foi eficaz. "O governo deve incentivar a produção local, mesmo que o item ainda não seja produzido por aqui. A ideia é abrir novas indústrias, dominar novas tecnologias para só assim aumentarmos nossa capacidade de competição com os estrangeiros."

Para Silva, a medida só traria bons resultados se aplicada em outro cenário. "Indústria é um setor que só dá frutos a longo prazo. Enfrentamos muitos problemas com logística, altos custos com energia e falta de mão de obra qualificada. Não temos jovens que queiram iniciar a vida profissional como técnicos, falta interesse pela indústria, mesmo ela sendo forte pilar da economia."

CIDADES - O destaque negativo em 2012 é de Diadema. O município foi responsável por fechar 3.500 oportunidades ao longo do ano. Só em dezembro, houve redução de 1.050 postos de trabalho na cidade. Em seguida estão São Bernardo (-3.100 postos em 2012); Santo André (que inclui Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), com redução de 3.050 vagas e São Caetano (- 800).

O índice foi influenciado pelas variações negativas de setores como produtos de metal; veículos automotores e autopeças, metalurgia, produtos de borracha/material plástico e máquinas e equipamentos.

No Estado de São Paulo são fechados 52,5 mil postos

O nível de emprego no polo industrial do Estado de São Paulo também encerrou 2012 com saldo negativo. Segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), foram fechados 52,5 mil postos de trabalho - queda de 2,01% em comparação com 2011 (redução de 1.500 vagas no setor).

A expectativa da entidade é de que o nível de emprego industrial no Estado suba 1,6% neste ano. De acordo com o diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos, Paulo Francini, a queda de 2,01% no ano passado foi a pior registrada em toda a série analisada, desde 2006, com exceção do ano do auge da crise econômica internacional (veja artes ao lado). Em 2009, o nível de emprego caiu 4,59% (-112 mil oportunidades).

"O ano de 2012 já era tido como ruim. Houve a pior perda em termos percentuais desde o ano da crise internacional", afirma Francini.

 

 




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