Peugeot 408 Grife THP (R$ 76.990) e Renault Fluence GT (R$ 80.640) são sedãs médios com listas de equipamentos fartas, custam acima de R$ 75 mil e guardam sob o capô motores turbo que trazem o conceito downsize - blocos menores, mais potentes e econômicos, e menos poluentes. Resumindo, são iguais, não? Na realidade, não! Apesar de idênticos em ‘N' fatores, as filosofias são completamente diferentes. Enquanto o GT investe na esportividade, o Peugeot se dedica àqueles que buscam requinte, mas abrem mão de um desempenho acima da média.

Diante destas igualdades que os tornam tão antagônicos, o Diário resolveu colocá-los frente a frente para um embate de conceitos.

Com tempero caliente, o GT - que traz assinatura da Renault Sport, divisão esportica da marca - tem coração 2.0 16V Turbo (gasolina) de 180 cv, entregues a 5.500 rpm, e torque saudável de 30,6 mkgf a 2.250 giros. O 1.6 16V THP (Turbo High Pressure) do 408 tem números menos pujantes. São 165 cv a 6.000 rpm e torque de 24,5 mkgf a 1.400 rpm. No entanto, quando pisamos fundo no pedal da direita, percebemos que ambos entregam desempenhos próximos.

Apesar de ofertar torque máximo menor, o fato de já estár disponível a 1.400 giros faz com que o Peugeot seja bastante dinâmico na cidade. E os números do desempenho revelam essa paridade. De 0 a 100 km/h, o Leão é somente três décimos mais lento, mesmo pesando 186 quilos a mais.

É preciso ressaltar que, dentro daquela história de ‘iguais, porém diferentes', o Fluence tem câmbio manual de seis velocidades, o que agrega muito em esportividade. O 408 também tem caixa de seis velocidades, entretanto automática, elevando o patamar do conforto. Os engates da transmissão do Renault poderiam ser mais curtos e precisos, enquanto do Peugeot, mais rápidos nas retomadas, quando se busca torque e potência para uma ultrapassagem, por exemplo.

As regulagens das suspensões poderiam ser opostas. Enquanto a do GT precisa ser firme como a do THP, a do 408 ficaria mais agradável com a maciez da do Fluence. Porém, nenhuma das duas causa desconforto - muito pelo contrário.

Por dentro, ambos os sedãs de DNA francês tratam bem motorista e passageiros. Há ajustes de altura e profundidade do banco do motorista e da coluna de direção, facilitando encontrar a melhor posição ao volante. E mesmo as medidas sendo praticamente idênticas - o Peugeot é apenas 7 cm mais comprido e com distância entre os eixos 1 cm maior -, o 408 transmite sensação de ser mais amplo. No quesito porta-malas, no entanto, o Renault leva vantagem em quatro litros.

Ponto positivo também para o acabamento do THP, que trabalha bem cromados e utiliza materiais mais agradáveis ao toque. No Fluence, o interior menos rico encaixa com a proposta da versão GT, que tem painel de instrumentos com velocímetro digital - difirente de todas outras configurações do modelo feito na Argentina. Mais detalhes plásticos imitando fibra de carbono seriam bem interessantes.

Em termos de recheio, os dois são muito bem equipados e entregam de série ar-condicionado digital de duas zonas. direção elétrica (Fluence) / eletro-hidráulica (408), freios com ABS (antitravamento) e EBD, air bags frontais, laterais e tipo cortina, controlador e limitador de velocidade, computador de bordo, teto-solar elétrico, rádio CD player com MP3 e conectividade USB, auxiliar e bluetooth, e sistema de naveção integrado - no Peugeot a tela é escamoteável e no Renault, não.

VEREDICTO

No embate turbinado da ‘igualdade antagônica', o Peugeot 408 Grife THP leva a melhor por partir de um preço mais em conta, transmitir sensação de espaço superior, entregar requinte acima do concorrente e não ficar devendo no quesito desempenho em relação ao Fluence GT.