Economia Titulo Casa própria
Imóvel é sonho distante para classe C
Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
20/01/2013 | 07:06
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Marina Brandão/DGABC


A classe média brasileira será composta por 118 milhões de pessoas em 2014 - quase quatro vezes mais do que a população que das classes A e B. Apesar da ascensão do grupo, quando o assunto é casa própria, as dificuldades para a aquisição de imóvel são nítidas.

Para os brasileiros com renda de até R$ 1.600, o governo federal subsidia R$ 25 mil por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Entretanto, se o salário da família for maior, o benefício vai variar conforme a renda e o porte populacional do município onde mora. A iniciativa da União contempla as famílias que recebem até R$ 5.000 para a aquisição de imóveis que custam, no máximo, R$ 190 mil. Quanto maior a renda, porém, menor a contribuição do governo.

As famílias com salário mensal de R$ 3.275, por exemplo, conseguem abocanhar apenas R$ 2.113, e ainda precisam arcar com R$ 57 mil de entrada para ter o lar doce lar. (veja arte ao lado). Além disso, nem sempre dá para ter acesso à iniciativa. "Há regiões, como é o caso do Grande ABC, onde os imóveis são altamente valorizados e o custo (para conseguir vendê-los por até R$ 190 mil) fica inviável", comenta Milton Bigucci, presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC).

O gerente regional de construção civil da Caixa Econômica Federal, Rafael Toneli Arcanjo, sinaliza que o metro quadrado na região custa, em média, R$ 4.100. "O valor deveria ser de, no máximo, R$ 3.900 para tornar-se tangível."

O presidente do site Canal do Crédito, Marcelo Prata, acrescenta que o preço elevado é uma realidade das áreas metropolitanas e localidades centrais. "Para desembolsar menos, o consumidor terá de abdicar de uma residência próxima de tudo."

O metro quadrado em São Caetano, por exemplo, que fica a 13 quilômetros do Centro de São Paulo, custa por volta de R$ 6.000. Em Mauá, onde a distância chega a 27 quilômetros, o custo médio é de R$ 3.000.

O gerente da Guaíra New Corporation, com unidades em Santo André e São Bernardo, Valmir Oliveira Lourenço, explica que dá para contar nos dedos os imóveis comercializados pela imobiliária que se encaixam no projeto do governo. "Se tiver dez unidades na minha filial, em São Bernardo, é muito."

O corretor da Gonçalves Imóveis Hélio da Costa, com unidades em Santo André, São Bernardo e São Caetano, explica que a imobiliária não disponibiliza hoje de imóveis que se enquadrem no programa. "O empreendimento tem de ser novo, e fica mais difícil encontrar nesse preço", explica.

Para se ter ideia, no Estado de São Paulo foram contabilizadas 376.705 unidades contratadas para o programa em 2012. Dessas, apenas 4.175 foram na região, o que significa 1% do total.

Com a pouca disponibilidade de casas avaliadas em até R$ 190 mil, o consumidor que quer ter a própria moradia nem sempre consegue a contribuição e, mesmo quando embolsa a ajuda, precisa bancar valores elevados de entrada e prestação. "É preciso existir outras formas de incluir pessoas que têm rendas intermediárias", avalia Bigucci.

Para o executivo da Caixa, o que vai facilitar o acesso ao crédito para quem não possui reservas financeiras é a redução dos juros, que começou a ganhar corpo no primeiro semestre do ano passado. O banco estatal (além de outras instituições financeiras) chegou a reduzir em 21% a taxa em 2012, e hoje a menor delas está em 7,44% para clientes e servidores públicos.

 

 

Caixa projeta aumentar unidades do Minha Casa em 16%

A Caixa Econômica Federal pretende aumentar em 16% o número de unidades habitacionais que serão voltadas para o programa Minha Casa, Minha Vida neste ano, de 4.175 para 4.843, de acordo com o gerente regional de construção civil, Rafael Arcanjo.

O processo poderá ser menos espinhoso com a estabilização dos preços já vista em 2012. No terceiro trimestre, o volume de novas unidades recuou 50,6% na comparação com o ano anterior - na época, as construtoras realizaram promoções para aumentar as vendas de imóveis prontos e em construção.

E o que freou o progresso do programa, até o momento, foi a alta valorização dos imóveis nos três anos anteriores. "Em 2009, houve o aumento do teto do valor do imóvel para uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), de R$ 350 mil para R$ 500 mil. Além disso a renda das famílias aumentou e o acesso ao crédito também, e todo mundo quis comprar", explica o presidente do site Canal do Crédito, Marcelo Prata.

 

 




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