Insatisfeitos com os valores do Programa de Participação nos Resultados, apresentados pela AkzoNobel - química de São Bernardo conhecida como Tintas Ipiranga -, 230 trabalhadores da produção da companhia estão em greve desde quarta-feira, às 13h30. A indústria elevou ontem em R$ 100 a última oferta do PPR, para R$ 2.600, em relação à última concessão. Ainda assim, ficou aquém do que esperavam os trabalhadores da fábrica.

A empresa apresenta dados diferentes ao afirmar que são 120 funcionários de braços cruzados na produção. A Tintas Ipiranga soma 420 trabalhadores.

Como forma de protesto, os integrantes da produção almoçaram em frente à fábrica e, logo depois, em assembleia, aprovaram a greve e retornaram às suas casas até que a empresa apresente outro valor mais gordo de PPR para seus funcionários.

Dessa forma, a partir de hoje, todos os trabalhadores devem deixar a empresa sem produção por tempo indeterminado, garante o Sindicato dos Químicos do ABC.

O pedido é pela elevação do valor pago de PPR para R$ 2.800. Se fosse concedido, afirmou o diretor do sindicato Antônio Odésio Diniz, haveria retorno imediato às funções. Ele conta que a discussão sobre valores ocorre desde agosto. De lá para cá, foram dez mesas fracassadas entre categoria e patrões.

O PPR é um acordo feito na empresa, que possui unidades em Santo André e Mauá - a negociação é feita separadamente - e é definido como parte da convenção coletiva dos químicos. O mínimo a ser concedido de PPR é R$ 660.

"Estamos negociando com a empresa desde agosto. Eles nos ofereceram R$ 2.600, o que é um valor muito baixo, ou R$ 3.000 com metas a serem alcançadas. Porém, essas metas são consideradas inatingíveis", avalia o dirigente.

Sobre a paralisação, a empresa informou que aguarda nova deliberação em assembleia que aprove proposta final feita pela empresa, sem dizer uma data.

Outra possibilidade é a criação de uma proposta compatível com a última, de R$ 2.600. A empresa acrescenta que o valor proposto é 13% maior do que o apresentado entre novembro e outubro. "A negociação é sempre o melhor caminho para a solução de eventuais divergências, e reforçamos o seu respeito ao direito de greve, na medida em que tenham sido atendidos todos os requisitos da legislação que regulamenta tal direito", diz a companhia

Além disso, a AkzoNobel afirmou que preza pela manutenção do diálogo com os trabalhadores a fim de que se chegue a uma solução que atenda às partes, com a retomada das atividades produtivas o "o mais breve possível".

DE NOVO - Não é a primeira vez que os funcionários da unidade de São Bernardo da AkzoNobel fazem paralisações pontuais por conta da PPR. Em agosto do ano passado, os funcionários pediram R$ 3.000 de bônus, com proposta mínima de R$ 1.200, Mas a empresa ofereceu R$ 1.200. Descontentes, atrasaram a abertura da companhia e fizeram manifestações na porta da indústria química.

Categoria define acordo coletivo com patrões no domingo

Os trabalhadores do setor químico da região atravessam sua campanha salarial, cuja data base está marcada para 1° de novembro. Nela, pedem correção de 13% nos salários, o que corresponde a 6% de ganhos reais no ano.

Além disso, buscam aumentar o piso - que hoje é de R$ 815 - para R$ 1.200. Pedem também melhoria nos valores pagos de hora extra, passando a 80% do pagamento diário nos dias úteis e 130% nos dias de descanso, que não necessariamente coincidem com fins de semana. Quanto à jornada de trabalho, pedem redução para 40 horas semanais.

Proposta aprovada pelos trabalhadores, enviada à classe patronal, estabelece a criação de comissões de fábricas nas unidades, promovendo a representatividade dos funcionários.

Está marcada reunião entre o sindicato patronal, o Seag10, e o Sindicato dos Químicos do ABC para o domingo. Depois do encontro, no dia 4, haverá assembleia dos trabalhadores a fim de analisar a proposta global do segmento.