Turismo Titulo Canadá
Enfim, Sun Peaks
Ari Paleta
Enviado ao Canadá
17/01/2013 | 07:14
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Ari Paleta/DGABC


 

No caminho para o resort de esqui Sun Peaks, um pequeno paraíso montanhoso a

poucos minutos do aeroporto da pequena cidade de Kamloops, a admiração pelas terras

canadenses cresceu na medida em que a neve aparecia. O idioma continuava sendo um

problema, mas agora com motivação muito maior, pois a cada espiada pela janela da van, algo mais belo surgia.

Depois de ser batizado pela neve congelante logo que cheguei ao destino, a primeira surpresa foi levar a bagagem ao hotel. Carregado de malas para dar conta da quantidade de casacos e blusas de frio, e com flocos de gelo cobrindo as pontas dos meus pés, descobri que Sun Peaks não possui maleteiros. Neste momento, porém, tive o primeiro contato com a hospitalidade do povo canadense. Um senhor que passava próximo à entrada do hotel me viu e, de imediato, abriu a porta - que, ao contrário daqui, é aberta para dentro. Ao menos obrigado (thanks, na língua inglesa) eu sabia falar, e prontamente agradeci. Só não entendi o que ele respondeu.

Na recepção do hotel, uma atendente muito simpática que sorria de orelha a orelha

começou a conversar comigo e eu, desesperadamente, respondi: ‘I don't speak English,

sorry' (eu não falo inglês, desculpe). Mesmo assim, ela, com toda calma possível, tentou se

comunicar comigo falando bem devagar, e foi neste momento que entendi que ela estava

informando o número do meu quarto e que o elevador ficava bem ao lado.

Da janela, dava para enxergar toda a estação de esqui e sua neve branca, que até então eu só havia vislumbrado em filmes, mas como eu já imaginava, a calefação dos dormitórios é extremamente eficiente - e se não fosse, não haveria problema, pois também há lareiras nos quartos.

Vestido com muitas camadas de roupa, desta vez apropriadas, fui dar os primeiros passos na neve, o que me fez pensar que o verdadeiro lar do Papai Noel era Sun Peaks, e não o Polo Norte. O cenário em dezembro era típico: imensos pinheiros enfeitados cobertos pelo gelo, crianças fazendo bonecos de neve ou deslizando em carrinhos sem rodas, casais circulando com ar romântico. A cidade é local ideal para quem quer relaxar em ambiente  acolhedor e praticar esportes radicais.

Após o encantamento ao reconhecer o terreno, me deparei com a mais inusitada das

cenas: complexo aquático, a céu aberto, em meio à neve. Mal dava para ver as pessoas dentro das piscinas, pois a água é tão aquecida que a fumaça se espalha por todo o ambiente. Como não fazia ideia de que usaria traje de banho naquele lugar, fiquei na vontade e na curiosidade de entrar na piscina.

Pelo fato de estar no extremo Norte do planeta e em pleno inverno, o sol nasce e se

põe muito cedo, às 17h. Por isso, é importante levantar cedo e explorar a neve já às 7h,

para aproveitar o dia.

 

ALIMENTAÇÃO

Depois de errar nas escolhas das refeições no trajeto do Brasil a Sun Peaks, com conexões em Vancouver e Toronto, finalmente acertei. Com preço honesto (US$ 17,95), o wiener schinitzel (vitela à milanesa), prato tipicamente austríaco, indicado pelo chef do restaurante Powder Honds Wine Bar (que quer dizer algo como ‘esperando pela melhor neve para esquiar'), acompanhado do vinho Hillside Estate Merlot 2008, cuja garrafa custava US$ 40, me fez esquecer a panqueca servida no avião e o bagel picante (pão em forma de anel, muito comum nos Estados Unidos) que comi no aeroporto de Vancouver.

No café da manhã, os brasileiros costumam levar um baque ao dar uma olhada no

menu do bufê dos hotéis. Embora em um primeiro momento seja assustador, já que ovo

frito e bacon estão fora da nossa realidade de pão com manteiga na chapa, a comida agrada ao paladar e o alto teor de gordura garante doses extras de calorias para encarar o frio.

 

PELA PRIMEIRA VEZ

Devidamente alimentado pelo café da manhã reforçado e já na estação de esqui, a

dica para quem não fala inglês é arranhar o portunhol, já que lá existem muitos instrutores

e funcionários que são de países latinos, como a Argentina, e nos compreendem melhor do

que os canadenses. Quem vai esquiar pela primeira vez deve estar muito bem

agasalhado e preparado para quedas. Aliás, a lição inicial no pequeno curso é como cair e,

principalmente, levantar - coisa muito difícil de fazer, por isso nos instruem a retirar o esqui. Já para aqueles que procuram adrenalina e são mais experientes no esporte, é só comprar o passaporte e usufruir do teleférico rumo ao topo da montanha para esquiar. O passeio vale também para tomar um delicioso chocolate quente. Por conta do frio extremo (durante minha estadia, cheguei a encarar 15ºC negativos), essa é uma bebida bastante consumida no Canadá.

Mas também há opções de esportes para quem prefere menos adrenalina, sem perder o

ar de aventura. A começar pelo snowshoe, caminhada com uma espécie de raquete

nos pés para poder andar em terrenos mais acidentados e com neve mais fofa. A atividade

pode causar um pouco de cansaço, mas fique tranquilo, pois vale a pena subir montanhas para descobrir mansões no meio do nada e, de quebra, ter a sorte de ver animais típicos, como esquilos brincando nos galhos dos pinheiros.

Outro esporte comum por lá é o passeio de trenó, puxado por cães treinados, e o snowboard, esportes bastante praticado que consiste em deslizar na neve equilibrando-se sobre uma pequena prancha, semelhante a um skate sem rodas.

Sun Peaks é um lugar para quem procura descanso, esportes de neve e aconchego, longe de badalação. Em seu pequeno território, que foi reconhecido como cidade há apenas dois anos, encontram-se 7.000 quartos disponíveis para os turistas, mais de 20 restaurantes, bares, cafés, butiques de roupas, empórios e galerias de arte. Impossível não se entreter.

 

DICAS

Quem vai para a neve deve estar com roupas e calçados apropriados. É preciso calçar botas especiais (que podem ser compradas lá, com preços a partir de US$ 100), blusa e calça segunda pele, meias grossas próprias para neve (adquiridas em lojas de artigos esportivos daqui do Brasil), jaqueta impermeável, luvas, cachecol e touca. Também é imprescindível

manter-se seco. E um alerta aos brasileiros de primeira viagem: quem quiser experimentar a neve, que só coloque a branca na boca, pois a amarela é urina de cachorro. Aos fumantes, existem lugares específicos para o uso do tabaco, todos eles ao ar livre.

 

 




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