Economia Titulo Seu bolso
Caixa reduz juro para
imóveis mais caros

Novos percentuais valem para casas acima de R$ 500 mil;
taxas passaram de 9,9% ao ano, em média, para até 8,4%

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
16/01/2013 | 07:01
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A Caixa Econômica Federal anunciou ontem mais uma campanha de reduções de taxas de juros em suas operações de crédito. Desta vez foi o financiamento imobiliário com valor acima de R$ 500 mil que entrou na esteira. As taxas passaram de 9,9% ao ano, em média, para até 8,4%, decréscimo de 15%. Para servidores públicos, o percentual atingirá até 8,3% ao ano.

As melhores vantagens são para os clientes com relacionamento há algum tempo com o banco e conta-salário na entidade. A taxa de balcão, sem distinção de tipo de contratante, passou de 9,9% ao ano para 9,4%.

Segundo a instituição financeira pública, essa mudança fará com que o custo total do crédito ao contratante caia cerca de R$ 32 mil, no caso de financiamento de imóvel de R$ 501 mil, com pagamento em 30 anos.

Porém, o presidente do Canal do Crédito, Marcelo Prata, alerta: "As parcelas não terão tanta redução, pois são 30 anos de juros." Nestas condições, ao dividir os R$ 32 mil pelos 360 meses de financiamento, cada parcela terá diminuição aproximada de apenas R$ 88, na média, desconsiderando o tipo de metodologia de financiamento contratada.

O vice-presidente de habitação e governo da Caixa, José Urbano Duarte, disse que as quedas nos juros desse segmento são uma forma de apresentar condições atrativas para todos os clientes em meio a cenário de demanda crescente por crédito imobiliário.

E não é para menos. Conforme as regras do País, os imóveis com valor acima de R$ 500 mil não se enquadram no SFH (Sistema Financeiro Nacional). Isso significa que o mutuário não pode utilizar o dinheiro que tem depositado no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para amortizar parcelas ou liquidar a dívida do crédito, ou seja, desvantagem frente àqueles que compram casas mais baratas.

Por outro lado, os empréstimos que a Caixa acaba de baratear contarão com a vantagem de incluir as despesas com cartório, para registrar o imóvel no nome do novo proprietário, e ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), tributo municipal definido por cada uma das prefeituras. Essa facilidade foi lançada pelo banco em dezembro. A Caixa não divulgou qual é a participação dela no mercado de imóveis com preço superior a R$ 500 mil. Também não tinha porta-voz da região disponível.

 

Mudança não vai mexer com preço dos apartamentos

A nova redução na taxa de juros do crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal não resultará em valorização imobiliária. Isso porque o mercado tem apresentado estabilidade e é pequena a parcela de comercializações de unidades com valor acima de R$ 500 mil na região.

"Esse tipo de imóvel representa cerca de 20% das vendas por aqui", calculou o delegado regional do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), Alvarino Lemes. "Não acredito que esse passo que a Caixa deu terá influência nos preços dos imóveis da região", avaliou.

O diretor regional do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção), Sérgio Ferreira dos Santos, tem a mesma opinião. "Já tivemos um boom absurdo de preços. Agora o setor não está ruim, mas não está tão exagerado como nos anos passados", disse.

Para Santos, a medida da Caixa está em linha com o governo federal, que quer colocar mais dinheiro no mercado para estimular a economia. "E o Banco do Brasil deve ser o próximo a anunciar reduções de juros nesse segmento de imóveis", destacou.

A Caixa não informou o número de operações e valor financiado, nos últimos três anos na região, para imóveis acima de R$ 500 mil alegando motivos estratégicos.

 

Para especialista, novas taxas já são praticadas no mercado

A Caixa Econômica Federal acaba de entrar em um terreno já cultivado pela maioria dos bancos privados, o de crédito imobiliário para unidades com valor acima de R$ 500 mil, segmento que já começa a entrar, em algumas regiões, na lista de residências de alto padrão. Esta é a avaliação do presidente do Canal do Crédito, Marcelo Prata.

"As taxas de juros que eles anunciaram (ontem) já são praticadas pelos bancos privados neste segmento. Não acredito que essa mudança impulsione o mercado para novas reduções", avaliou o especialista, que está acostumado a intermediar negociações de financiamentos imobiliários entre bancos e clientes.

Ele explicou que o consumidor que compra uma casa no valor acima de R$ 500 mil é da alta renda. "E normalmente tem bom relacionamento com o banco e alguns investimentos. Estamos acostumados a trabalhar com esse tipo de cliente e as suas aplicações no banco, por exemplo, garantem melhores condições para fechar um financiamento", contou Prata.

Para o executivo, o governo federal, com a mudança na Caixa, não tenta compensar a manutenção do teto das operações no SFH (Sistema Financeiro Habitacional), de imóveis de até R$ 500 mil.

 

Instituição já tinha reduzido juros em 2012

A Caixa Econômica Federal foi a primeira a anunciar reduções nas taxas de juros para financiamentos imobiliários em 2012. Depois de dar início à competição pelas menores taxas ao consumo, o banco público diminuiu, em maio, o custo do seu crédito para aquisição de imóveis com valor abaixo de R$ 500 mil em até 21%.

Os clientes que tinham conta na instituição financeira e recebiam o salário pelo banco tiveram o maior privilégio. As taxas de juros caíram de 8,9% ao ano para até 7,9%.

Para aqueles que ainda não se relacionavam com o banco público, o decréscimo na taxa anual de juros dos financiamentos passou de 10% ao ano para 9%.

Em imóvel de R$ 250 mil, por exemplo, as parcelas iniciais em financiamento de 30 anos, para aqueles que não tinham relacionamento com o banco, passariam de R$ 2.115 para R$ 1.949, queda total de R$ 59 mil na operação.

 




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