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Importância dos índios é ensinada em sala de aula

Na Emeief Ver.Manoel de Oliveira, alunos 'viajam' a Pindorama

Selma Viana
Do Diário do Grande ABC
03/12/2011 | 07:00
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Soa o sinal. A professora Maria Aparecida dos Santos entra na sala do 5º ano da turma A puxando mala com rodinhas, colorida e pesada. Cumprimenta alunos e comunica que a partir daquele momento, todos fariam longa viagem para Pindorama. Muitas interrogações nas carinhas. Mesmo assim, eles aceitam a proposta.

Quando ‘chegam' ao local se espantam com o que veem. Encontram grupo de portugueses vestidos com roupas aveludadas e com aspecto e cheiro de quem não tomava banho havia dias. Na recepção, homens e mulheres desnudos, bom porte físico, limpos, exalando odor de mato e dóceis. Eram os índios. Aqui é Pindorama, ou terra das palmeiras; forma como os tupi-guaranis chamam o lugar onde moram. "Nós tínhamos 4 milhões de índios quando os portugueses chegaram ao Brasil. Hoje não temos 1 milhão e a maioria deles está com hábitos de brancos. Detalhe: eles não eram violentos", alerta Maria Aparecida.

Primeiro a história, depois os costumes. Esse é o roteiro que a professora da Emeief Vereador Manoel de Oliveira, no Jardim das Maravilhas, em Santo André, vem seguindo com os seus alunos por meio do projeto O Indígena Brasileiro. Como respaldo, Maria Aparecida encheu a ‘Mala da História' - uma mala mesmo, adaptada para amparar os livros quando o recipiente é aberto como uma estante -, com livros sobre o tema, todos selecionados na Sala da Leitura da instituição. "É importante dizer que eu não tinha a intenção de mostrar os índios como pobrezinhos. Eu queria mostrar a riqueza cultural que eles têm."EMDiariamente, a professora faz a leitura de lendas narradas por diferentes autores para serem reescritas pelos alunos. "Essa foi a parte que eu mais gostei", enfatiza Nicole Aparecida Pereira Pinto, 10 anos. "Eu tive de ler O Lobo Guará, o Rei da Floresta e gostei mais da minha versão porque foi construída com o raciocínio em grupo", pontua.

E foi a partir da leitura de lendas que a curiosidade das crianças foi acentuada. Nas rodas de leitura a professora alertou para que não acreditassem apenas em uma versão de um fato. Por exemplo: o índio brasileiro não coloca a mão na boca e faz ‘bububu'. "O nosso índio imita sons de passarinho ou até de um animal que pretende caçar, não tem o ‘bubu'. A casa, ou oca, dos índios brasileiros é redonda, coberta de palhas e estruturas em madeira. Nada daqueles tecidos, colocados em triângulos que costumamos ver em filmes americanos, nossa maior referência", ensina Maria Aparecida.

A educadora conta para a atenta plateia que os índios conhecem bem o que podem tirar de bom e ruim da natureza para o seu sustento. Diz que eles comem peixe, raízes, como mandioca, e que no Norte do País algumas tribos se alimentam de macaco. Relata que quando voltam da caça trazem comida para toda a tribo. Com raciocínio de quem vive na cidade grande, onde a entrega é feita em domicílio, Leonardo Pires de Lima, 10 anos, pergunta: "Quando chegam na tribo eles levam a comida de oca em oca?". Maria Aparecida esclarece que não, a comida é feita no centro da tribo, para todos.

Vários alunos questionam o motivo pelo qual os índios se pintam. A professora ensina que, no início, urucum e jenipapo eram usados para proteger a pele do sol e dos insetos. E acrescenta que eles também se pintam para discriminar tribo, indicar se a pessoa é casada ou solteira e para guerrear. "Agora eles têm uma outra visão do índio", conclui a professora.

É em casa que se aprende a economizar água e energia

Fazendo jus ao nome do projeto que criou - Comece Economizando na Escola e Continue em Casa -, o professor Marco Antonio Marcena de Aguiar, da Emeief Tarsila do Amaral, no bairro Bangu, em Santo André, conseguiu reduzir a própria conta de energia elétrica em cerca de 30%. "Afinal, temos de ser exemplo", diz Marco, que teve a ideia do projeto motivado pelo interesse dos alunos do 4º ano A matutino em preservar o meio ambiente e economizar energia.

"Eles mesmos tomavam a iniciativa de avisar sobre luzes acessas desnecessariamente ou torneiras abertas por muito tempo", afirma o professor, que enxergou nesse interesse natural das crianças oportunidade para discutir o tema mais profundamente. Como consequência, uma série de atividades que contaram inclusive com a participação dos pais, gerando resultados práticos, como a diminuição das contas de energia.

"Apesar de termos registrado o aumento de muitas contas durante os meses mais frios, como julho e agosto, observamos redução média do consumo em 10%", diz Marco. Preocupado com tudo que é relacionado ao meio ambiente, o aluno Gabriel de Oliveira Nascimento, 9 anos, lembra que na casa dele o valor da conta de energia elétrica girava em torno de R$ 195. "Mas caiu mais ou menos para R$ 180", diz. Ele mesmo reconhece que só não diminuiu mais porque não consegue demorar menos no banho. "Apago sempre a luz e desligo a TV quando não estou vendo, mas no frio eu demoro um pouco no banho mesmo", conta.

Já a aluna Gabriela Rodrigues Braz, 9 anos, não vê nenhuma necessidade de uma chuveirada por mais de cinco minutos. "Não podemos desperdiçar água nem gastar energia de jeito nenhum", ressalta a menina. A colega Carmem Beatriz Santana Borges, também 9 anos, concorda, e lembra que é importante ainda desligar a torneira na hora de passar xampu e sabonete.

Mas o banho realmente ainda é o principal entrave para redução de gastos. "Fizemos um gráfico para analisar o consumo e discutir sobre as formas de economizar, mas o tempo debaixo do chuveiro ainda é muito", salienta Marco. Para abrir esse e outros assuntos para toda a escola, para os pais, familiares e a comunidade em geral, Marco e os alunos criaram um blog onde o visitante fica sabendo das atividades da turma, como a participação no Carnaval e Meio Ambiente, o filme que assistiram em sala, Está chovendo hambúrguer, e que trata da questão do consumo exagerado, entre as demais ações. O endereço é turmadotarsila2011.wordpress.com.

"Esse é um projeto maravilhoso, principalmente por integrar toda a escola", afirma a assistente pedagógica, Rosane Holland Maia. Integração que ultrapassa os limites da escola. Isso porque para discutir o assunto, os alunos também foram conhecer os projetos de cuidados e preservação do meio ambiente de instituições e empresas como Semasa, Eletropaulo, Sabina Escola Parque do Conhecimento, Parque Escola e Rhodia Química.

O projeto culminou na produção de um vídeo, onde foram usados os desenhos dos próprios alunos como cenário. O uso da tecnologia serve como um atrativo a mais para as crianças, que naturalmente já estão familiarizadas com vídeos e internet. (Mirela Tavares)




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